Este blog tem o intuito de revelar toda a verdade do caso em que Chong Jin Jeon foi preso sob falsas acusações de fraude cometidos pela ASIA Motors.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Brasil será base de exportação da Hyundai para a América Latina

Grupo coreano anuncia hoje investimento inicial de US$ 600 milhões em fábrica em Piracicaba

A coreana Hyundai Motor Company assina hoje, em São Paulo, protocolo de intenções para a construção de uma fábrica em Piracicaba. Inicialmente o grupo, sexto maior fabricante de veículos do mundo, vai investir US$ 600 milhões para produzir 100 mil carros por ano, mas o projeto é bem mais ambicioso.

Dois anos após o início das operações, previsto para 2011, a empresa pretende montar uma unidade de motores e uma de transmissões para, mais adiante, triplicar a produção. O projeto completo está orçado em US$ 1,6 bilhão (quase R$ 3 bilhões).

O dinheiro virá de recursos próprios e de financiamentos que a montadora pretende buscar, em princípio, nas agências externas. “Será nossa entrada na América Latina, inicialmente para abastecer o mercado brasileiro, mas depois vamos exportar para outros países da região”, disse ontem ao Estado o vice-presidente da Hyundai Motor, In Seo Kim.

Além do investimento direto, um grupo de 20 fornecedores de autopeças coreanas estuda instalar unidades locais, o que resultaria em aportes extras de US$ 250 milhões a US$ 400 milhões. Cinco empresas já confirmaram unidades produtivas para fornecer painéis, peças de estamparia, ar-condicionado, pára-choques e bancos.

O protocolo será assinado hoje à tarde no Palácio dos Bandeirantes, com a presença do governador José Serra e do presidente de negócios internacionais, vendas domésticas e planejamento da Hyundai, Jae-Kook Choi. Em novembro, na cerimônia de instalação da pedra fundamental, devem participar o presidente da Coréia do Sul Lee Myung-Bak, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente mundial do grupo Hyundai, Chung Mong-Koo.

O modelo a ser fabricado em Piracicaba é um compacto qwue está sendo desenvolvido na Coréia especialmente para o mercado latino-americano. Kim só adiantou que haverá versões hatchaback e sedã do modelo, que terá motores 1.0 e 1.6 flex. Hoje, custariam a partir de R$ 25 mil. Para a produção de 100 mil veículos ao ano serão contratados 1,5 mil funcionários.

O Brasil será o sétimo país a abrigar uma fábrica do grupo, que tem unidades, além da Coréia, nos EUA, China, Índia, Turquia, República Checa e Rússia. “Em 2012, queremos atingir produção de 6 milhões de veículos ao ano, sendo 3 milhões na Coréia e 3 milhões nos demais países”, disse Kim.

Antes de escolher Piracicaba, os executivos da hyundai visitaram 35 locais em seis Estados (Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Rio e Bahia, além de São Paulo). “Recebemos várias ofertas de incentivos, mas São Paulo venceu principalmente por causa da infra-estrutura e do parque de fornecedores de pacas”, afirmou Kim.


Planos - Kim, vice-presidente da Hyundai disse que os investimentos podemo chegar a US$ 1,6 bi, para produzir 300 mil carros ao ano

Terreno

As obras de construção da fábrica começarão em julho de 2009. O terreno de 130 hectares, que hoje abriga uma plantação de cana, será doado pela Prefeitura, que vai adquiri-lo de particulares. O município também garantiu incentivos fiscais previstos na lei local.

Kim explicou que todas fábricas construídas pela Hyundai, com exceção da unidade da Turquia, têm capacidade para 300 mil veículos ao ano, volume que a companhia considera ideal para uma indústria automobilística ser eficiente.

Ele contou que, inicialmente, a idéia era começar com 150 mil unidades ao ano, das quais 100 mil para o mercado interno e o restante para exportação. “Depois resolvemos adiar o projeto de exportação em pelo menos dois anos para que, até lá, alcancemos 60% de índice de nacionalização, o que nos permitirá vender os carros no Mercosul”.

Inicialmente, entre 50% a 60% das peças serão importadas. Em cinco anos, a montadora pretende atingir 90% de índice de nacionalização.
O grupo CAOA, do empresário brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade, que já tem uma fábrica com a marca Hyundai em Anápolis (GO), seguirá com seus projetos de montagem do mini-caminhão HR e, no próximo ano, do utilitário Tucson.

“O grupo seguirá também como importador oficial da marca e sua rede de distribuidores poderá vender nossos carros, assim como a nossa rede venderá os dele”, disse o vice-presidente da Hyundai. Kim disse que a criação de uma rede própria de concessionários ainda está em negociação.

A Hyundai deve produzir este ano mais de 4 milhões de veículos no mundo e, junto com a coligada Kia, emprega 120 mil pessoas.


‘Não temos responsabilidade sobre essa dívida’
O anúncio da construção da fábrica da Hyundai ocorre sem que a Procuradoria-Geral da Fazenda tenha resolvido o problema de uma dívida deixada nos anos 90 pela Asia Motors do Brasil, empresa que, à época, tinha como acionista principal a Asia Motors da Coréia, que depois foi adquirida pela Kia Motors Corporation e, mais tarde pela Hyundai. A dívida beira R$ 1,6 bilhão.

“Só decidimos fazer o investimento depois de nos certificarmos de que a Hyundai não tem nenhuma responsabilidade sobre essa dívida”, disse In Seo Kim, vice-presidente da montadora.

“A Kia é uma empresa-irmã, mas não somos a mesma empresa.” Segundo ele, o assunto está nas mãos da Justiça brasileira. “Nossa companhia levou em consideração que o governo brasileir, a Justiça e o Legislativo são sérios e vão resolver o problema da melhor forma, mas temos certeza de nossa isenção. “ A Hyundai é assessorada pelo escritório Tozzini Freire, que acompanha o processo de instalação da fábrica.

A multa teve origem quando a Asia Motors do Brasil – que tinha 51% das ações nas mão da Asia da Coréia e 49% com dois sócios brasileiros e um coreano – inscreveu-se no Regime Automotivo e prometeu construir uma fábrica na Bahia. Com isso, importou mais de 70 mil carros com abatimento de impostos. Mas o projeto fracassou. A Asia foi incorporada à Kia, adquirida pela Hyundai em 1998. Hoje, o sócio coreano da Asia, Chong Jin Jeon, está preso na Polícia Federal, aguardando extradição pedida pelo governo da Coréia, que o acusa de ter praticado fraude. Ele alega inocência e pede para ficar no Brasil, onde tem esposa e 3 filhas.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Apelo às autoridades...

1º filha de Chong Jin Jeon, Jennifer, faz apelo às autoridades brasileiras
na internet, transmitido
no canal de televisão Band.


quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Hyundai terá fábrica no País, apesar da disputa de US$ 1 bi com o governo

Montadora desconsidera pendência e planeja fábrica, também de US$ 1 bi, em Piracicaba, no interior de São Paulo

Cleide Silva

A montadora coreana Hyundai prepara sua chegada a São Paulo com apoio do governo do Estado, que negocia a instalação de uma fábrica de carros populares em Piracicaba. As negociações ocorrem sem que a empresa tenha encontrado solução para uma dívida bilionária com o governo federal deixada pela sua ex-subsidiária Asia Motors nos anos 90.

Corrigido, o calote é de cerca de R$ 1,6 bilhão (US$ 1bilhão) e teve origem quando a Asia Motors do Brasil -, empresa que tinha 51% do capital nas mãos da Asia Motors da Coréia e 49% com um sócio brasileiro e um coreano -, inscreveu-se no Regime Automotivo e prometeu construir uma fábrica na Bahia. Com isso, importou mais de 70 mil carros com abatimento de impostos, mas o projeto não saiu do papel.

A Asia foi incorporada à Kia Motors coreana, adquirida pela Hyundai em 1998. As duas companhias alegam que não tinham responsabilidade sobre as atividades da Asia Motors do Brasil e não assumem a dívida. Há vários anos os envolvidos travam disputas na Justiça.

O secretário adjunto de Desenvolvimento, Luciano de Almeida, confirmou ontem, por meio de sua assessoria, que o Estado quer atrair a nova montadora, que promete um investimento de cerca de US$ 1 bilhão, segundo declarações recentes do presidente mundial do grupo, Chung Mong-Koo.

"Como a dívida é com a União, o governo de São Paulo não entra nessa seara", disse Almeida. Ele não deu detalhes da negociação realizada com um grupo de executivos que está no País desde segunda-feira.

Ontem, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, que passou o dia em São Paulo, recebeu o vice-presidente da Hyundai, In Seo Kim. Ele informou sobre a intenção do investimento e perguntou se o ministro poderia interceder junto ao governo para solucionar o problema da dívida.

Segundo assessores, Jorge respondeu que "nem o Ministério do Desenvolvimento, nem a Fazenda e nem o presidente Lula têm autonomia para discutir o problema". O débito está inscrito na dívida ativa da União e só pode ser cancelado por meio de lei ou medida provisória aprovada pelo Congresso.

Fontes que acompanham as negociações dizem que a empresa já teria escolhido Piracicaba para erguer a fábrica, com capacidade para 100 mil veículos ao ano. Coincidentemente, Almeida é natural da cidade, que fica a 170 quilômetros da capital paulista. Recentemente, o Estado ficou com a nova fábrica da Toyota, que será instalada em Sorocaba. Antes de São Paulo, os coreanos se reuniram com os governos do Rio e de Minas.

FÁBRICA DA CAOA

A Hyundai já tem em Anápolis (GO) uma fábrica com sua marca, mas ela pertence ao empresário brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade, do grupo Caoa, que investiu R$ 400 milhões no projeto. Ele adquiriu o direito de uso da marca e batizou a fábrica de Hyundai/Caoa. Por meio de pagamento de royalties, produz os minicaminhões HR e, em 2009, iniciará a produção do utilitário-esportivo Tucson.

"Mesmo que a Hyundai venha a construir uma fábrica própria, meus investimentos serão mantidos", disse Andrade. Segundo ele, contrato assinado em maio lhe dá garantias de produzir "veículos de maior valor agregado" e de seguir como importador oficial de veículos fabricados localmente.

Andrade informou que está "robotizando" a fábrica para iniciar a produção do Tucson, que consumirá mais R$ 300 milhões. Um ano depois, iniciará a produção de um terceiro veículo com novo aporte de R$ 300 milhões.

Montadora herdou dívida da Asia Motors

Asia ganhou subsídio para construir fábrica na Bahia, mas não cumpriu acordo O grupo Hyundai produz cerca de 6 milhões de veículos por ano, metade na Coréia, onde é líder de mercado. A empresa é dona da Kia Motors que, nos anos 90, controlava a Asia Motors. Com o boom de novas montadoras que chegaram ao Brasil nos anos 90, a Asia também anunciou uma filial na Bahia.

Na época, o Regime Automotivo beneficiava com isenção de 50% de impostos as importações de veículos trazidos pelas companhias que teriam fábricas locais. A Asia chegou a importar 70 mil veículos, a maioria minivans Towner e Topic, que foram sucesso de vendas.

Uma crise da empresa na Coréia e desentendimentos entre os sócios no Brasil derrubaram o projeto da fábrica, que chegou a ter cerimônia de pedra fundamental com o presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Antônio Carlos Magalhães. O terreno depois foi repassado para a Ford.

Sem fábrica, a Asia teria de recolher os impostos não pagos no período em que beneficiou-se do regime automotivo, além de multa. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o valor original era de US$ 217 milhões. Advogados que acompanham o caso dizem que, convertido em reais e corrigido, o débito está perto de R$ 1,6 bilhão, praticamente o valor que a Hyundai pretende investir agora.

Estão envolvidos na ação de cobrança o empresário Washington Armênio Lopes, presidente da Asia Motors do Brasil e Chong Jin Jeon, sócio coreano que vivia no Brasil. Eles eram importadores de veículos da Asia Motors desde 1993. Em 1997 fizeram parceria com a Asia da Coréia.

A empresa coreana passou a deter 51% das ações e eles ficaram com 49%. A Hyundai comprou a Kia em 1998. No ano seguinte, o plano da fábrica foi descartado. Desde então, uma batalha judicial tenta deixar a conta nas mãos de Lopes e de Jeon e isentar a Kia e a Hyundai.

Fontes a par das negociações entre o grupo de coreanos e o governo de São Paulo afirmam que a Hyundai está certa que provará na Justiça sua isenção no caso da dívida.

O advogado Fabiano Robalinho, do Escritório de Advocacia Sergio Bermudes, representante da Kia Motors Corporation no Brasil, informa que a Justiça da Bahia, onde o caso corre, já declarou, em primeira instância, que a empresa não tem responsabilidade sobre a dívida. A Kia alega ter sido enganada pelos sócios brasileiros na ação de aumento de capital da Asia Motors do Brasil, fato que teria inviabilizado o projeto. Os ex-sócios dizem o contrário.

Jeon foi preso no fim de 1999 na Coréia, quando visitava o país. Ficou detido por um ano e meio. Foi julgado e condenado a dez anos por ações fraudulentas que teria praticado na Asia brasileira. Fugiu para o Brasil e hoje está preso na sede da Polícia Federal de São Paulo aguardando decisão de extradição.

Fonte: O ESTADO S.P. / 16.08.2008 / SÃO PAULO

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Como uma empresa que tem uma multa de R$ 1,6 bilhão com o governo brasileiro consegue entrar no Brasil para construir uma fábrica???? QUANDO é que o governo brasileiro vai cobrar e receber este montande de dinheiro que deveria voltar para o povo??? Por que uma empresa que nem construiu e nem cumpriu sua promessa de construir uma fábrica, recebendo todos os incentivos, consegue entrar no mercado brasileiro sem BARREIRAS?!?!?!?! COMO isto é possível???

Lula evita reunião com Hyundai

Empresa tem di’vida de R$ 1 bilhão com o governo

Denise Chrispim Marin
Renata Veríssimo
BRASÍLIA

O Paláciodo Planalto teve o cuidado de negar, na semana passada, pedido de audiência do presidente mundial do grupo coreano Hyundai, Chung Mong-Koo, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A cautela impediu que Lula recebesse um insólito pedido de perdão da dívida de cerca de R$ 1 bilhão da empresa com a Receita Federal. A Kia Motors Corp., comprada pela Hyundai em 1998, foi beneficiada por um pacote de incentivos para a atração de investimentos. Não construiu a fábrica prometida e deixou em descoberto uma conta que, até hoje, o governo não tem de quem cobrar.

Sem pisar no Palácio do Planalto, o executivo aproveitou para expor ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ao senador Romero Jucá (PMDB-RR) os planos da companhia de investir US$ 1 bilhão em uma nova fábrica no Brasil. Fontes do governo viram no movimento uma tentativa do empresário coreano de convencer parlamentares a aprovar uma lei de perdão à dívida – iniciativa que só o Congresso pode adotar. Em abril, executivos da montadora coreana participaram da inauguração da fábrica da Hyundai em Anápolis (GO), ao lado de Lula. O investimento nessa fábrica foi feito pelo Grupo Caoa, de capital nacional.

O imbróglio começou em 1996, quando o governo Fernando Henrique Cardoso adotou pacote de incentivos para empreendimentos no Nordeste e Centro-Oeste. A Asia Motors, pertencente à Kia, se inscreveu no programa e prometeu construir uma fábrica na Bahia. Passou a usufruir deisenção de imposto de importação de veículos da matriz e outros benefícios fiscais. Em 1999, desistiu do projeto. Nas contas do governo, foram importados 70 mil veículos.

Como não cumpriu a contra partida, a Asia estaria sujeita à cobrança dos imposto sede multa, cujo valor original era de US$ 217 milhões. Hoje, seria de R$ 1 bilhão. O governo acabou sem ter de quem cobrara dívida. O caso dividiu-se em várias batalhas judiciais – da Receita contra os sócios da Asia Motors no Brasil, o brasileiro Armênio Lopes e o coreano Chong Jin Jeon; dos sócios contra a Kia e vice-versa.

Fonte: O ESTADO S.P. / NEGÓCIOS / 16.05.2007 / SÃO PAULO

Presidente da Hyundai é perdoado por governante da Coréia do Sul

Acusado de tráfico de influência, executivo recebe o perdão do presidente sul-coreano

Texto: Matheus Q. Pera

Quem acompanha as notícias relacionadas à economia mundial, sabe que a Coréia do Sul segue com boa saúde financeira e que o poder empresarial pesa muito mais que a lei naquele país. Mas casos de corrupção não são vistos apenas por aqui, pois qualquer país dito desenvolvido pode contar com pessoas mal-intencionadas. O presidente da Hyundai, Chung Mong-koo, por exemplo, foi declarado culpado em um caso explosivo de subornos e tráfio de influências, que respingou na cúpula política e empresarial do país. Porém, o executivo-chefe de uma das maiores fabricantes do planeta recebeu uma sentença leve e, agora, recebeu o perdão do presidente da república sul-coreana.

Lee Myung-bak, chefe de estado da Coréia do Sul, que havia declarado estar "pessoalmente oposto" à decisão judicial, teria perdoado de todas as formas os "pecados" do presidente da Hyundai e seus cúmplices. Mong-koo nem sequer chegou perto de alguma prisão em sua sentença, mas o restante dos executivos acusados estaria "tendo problemas ao realizar negócios no exterior". Consternado com os fatos, o governo teria desculpado a cúpula diretora da Hyundai, assim como o chefe dos conglomerados industriais SK Group e Hanwha. A esperança, segundo a assessoria da presidência, seria de que "os homens de negócio conseigam a revitalização da economia, criando postos de trabalho através de suas ações e explorando outros mercados. Tudo, como se pode ver, pela economia. O caso das duas empresas citadas por último, aliás, não estão relacionados, mas têm seu tom de gravidade. O presidente do SK Group foi preso por fraude, enquanto o executivo-chefe da Hanwha teria ordenado uma briga para vingar o assalto que alguns trabalhadores de um bar teriam feito a seu filho. No total, o presidente da Coréia do Sul teria perdoado cerca de 341 mil executivos e políticos do país.

A Coréia do Sul é um país que deve quase toda a solidez de sua economia atual aos grupos citados acima: Hyundai (que adquiriu a então-quase-falida Kia), SK Group e Hanwha. Eles seguiram o modelo dos keiretsus japoneses, empresas que se aliam em torno de interesse comum, e não é segredo que a corrupção é aceita pelo governo devido ao capital atraído pelos conglomerados ao país. Vale ressaltar que o próprio Mong-koo não recebeu a pena de prisão pelo fato de se temar criar um perigoso vazio no alto cargo da Hyundai, algo inadmissível para o avanço da economia sul-coreana. Na Coréia do Sul, o crime parece compensar. Ao menos se você tiver um bom emprego.

Fonte:AutoDiário / NOTÍCIAS / 13.08.2008 - 14h10

SOS JJ JUSTICE - como isto é possível?!?!?! JUSTIÇA < ECONOMIA

Por favor ajude-nos à salvar a vida do nosso pai, CHONG JIN JEON. Ele é uma grande vítima de perseguição política e poder econômico, perseguido pelos grandes líderes da Coréia do Sul. Ele É INOCENTE e seu suposto crime É MUITO MENOS do que estes criminosos, quem foram perdoados (oficialmente no dia 15/08/2008). Como isto é JUSTO?!?! Ele encontra-se preso na Polícia Federal há mais de 2 anos, aguardando a extradição para à Coréia.

Por favor assista ao nossos vídeos; WWW.YOUTUBE.COM/JEONJUSTICE

Antecipadamente gratas, Jeniffer, Suely, e Bonnie JEON

JUSTIÇA!!!

EUA aceitam exportar à Coréia do Sul carne de gado com menos de 30 meses

da Efe, em Seul

Os EUA e a Coréia do Sul chegaram a um acordo em Washington pelo qual só a carne bovina proveniente de gado com menos de 30 meses será exportada ao país asiático, segundo fontes oficiais sul-coreanas.

As mesmas fontes assinalaram que também não será exportada à Coréia do Sul carne com de menos de 30 meses com medula espinhal ou restos de cabeça, que também propiciam o surgimento do mal da vaca louca.

Os EUA e a Coréia do Sul decidiram estabelecer um mecanismo para verificar a idade das cabeças de gado que dão origem à carne exportada.

O acordo foi alcançado em uma reunião entre o ministro de Comércio sul-coreano, Kim Jong-hoon, e a representante de Comércio Exterior americana, Susan Schwab, para buscar uma solução para a crise.

Coréia do Sul e EUA haviam chegado a um acordo em abril para abrir o mercado do país asiático às exportações de carne bovina americana.

Mas desde 2 de maio, teve início em Seul uma onda de protestos quase diários, com o governo sendo acusado de buscar objetivos políticos em detrimento de critérios sanitários, o que logo fez despencar a popularidade do presidente Lee Myung-bak.

Nas últimas semanas, Lee tentou retificar em parte o acordo comercial, e pediu perdão em duas ocasiões à população de seu país.

O presidente sul-coreano havia se comprometido recentemente a impedir a entrada no país de carne americana de gado com mais de 30 meses, a mais suscetível ao mal da vaca louca.

Fonte: Folha Online / DINHEIRO/ 21.06.2008 - 03h55


Fotos dos protestos contra a carne norte-americana.



Fonte: Foreign Policy / 27.06.2008 - 18h44

terça-feira, 29 de julho de 2008

Projeto da Kia no Brasil vai parar na justiça com disputa bilionária

Supremo Tribunal Federal decide extraditar coreano envolvido no primeiro projeto de fábrica do grupo no País

A fábrica da Hyundai foi inaugurada na semana passada em Anápolis, em Goiás, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente mundial da Hyundai Motor Company, Choy Jae Kook. Enquanto a inauguração era feita com toda pompa e circunstância, o Supremo Tribunal Federal (STF) avaliava, discretamente, uma denúncia envolvendo a tentativa anterior de o grupo coreano se instalar no País. A disputa envolve um dívida que pode ultrapassar R$ 1 bilhão com o governo brasileiro e denúncias de fraude. Na segunda-feira, o Supremo decidiu extraditar para a Coréia do Sul um dos executivos envolvidos no processo.

A nova fábrica foi construída pelo empresário brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono do grupo Caoa e importador de veículos da Hyundai. Ele investiu sozinho R$ 400 milhões no projeto. A empresa coreana fornece a tecnologia de produção e de montagem e as peças para os veículos. Na fachada da fábrica aparece o nome Hyundai, que também estará no logotipo dos veículos.

A Hyundai é dona da Kia Motors, que era dona da antiga marca Asia Motors. No Brasil, a Asia Motors havia se comprometido a construir uma fábrica na Bahia, nos anos 90. Com a promessa, a montadora conseguiu abatimento de impostos de importação de veículos. Como a fábrica não saiu do papel, o governo está cobrando da empresa o pagamento dos impostos que deveriam ter sido recolhidos na época.

MULTA

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o valor original da multa é de US$ 217 milhões. Advogados que acompanham o caso dizem que, em setembro de 2003, o valor inscrito na dívida ativa da União, convertido em reais, já estava em R$ 858 milhões. Hoje, corrigida, a dívida passaria de R$ 1 bilhão. A cobrança é responsabilidade da Receita Federal, que notificou a empresa e seu sócio brasileiro, Washington Armênio Lopes, na época presidente da Asia Motors do Brasil.

Lopes e Chong Jin Jeon (coreano que vive no Brasil) eram importadores de veículos da Asia Motors desde 1993. Em 1997, já inscrito no Regime Automotivo, fizeram parceria com a Asia Motors da Coréia para a construção da fábrica. A empresa coreana passou a deter mais da metade das ações e eles ficaram com 49%.

A Hyundai comprou a Kia em 1998. No ano seguinte, a construção da fábrica brasileira foi abortada, depois de uma festa de instalação da pedra fundamental com as presenças do então presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador da Bahia, Antonio Carlos Magalhães. Cerca de 70 mil modelos Hyundai foram importados, a maioria das vans Towner e Topic. Boa parte entrou no País com desconto de 50% de impostos, conforme previa o Regime Automotivo, e gerou a dívida que agora ninguém assume.

Em 2001, dirigentes da Hyundai e o presidente da Coréia, Kim Dae Jung, pediram o perdão da dívida a FHC, que visitava Seul. Em troca, prometiam retomar as sobras da fábrica, mas não foram atendidos.

BATALHA JUDICIAL

A cobrança pelos impostos atrasados envolve uma disputa entre a Kia e seus antigos sócios no Brasil. Ninguém quer assumir as dívidas com o governo. Os ex-sócios acusam a Kia de ter inverstido menos que o prometido no Brasil, o que teria inviabilizado o projeto da fábrica. A Kia acusa os ex-sócios de fazer um aumento de capital fraudulento, em 1998, para forçar a montadora coreana a colocar mais dinheiro na empresa.

Além do processo pelo aumento de capital, a Kia cobra US$ 80 milhões em veículos importados que não teriam sido pagos. Segundo o advogado Fabiano Robalinho, do Escritório de Advocacia Sergio Bermudes, responsável pelo caso, a Kia ganhou a ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas os ex-sócios recorreram.

Já o sócio brasileiro, Washington Lopes, informou que o aumento de capital teve autorização da Justiça, dos executivos coreanos e do Banco Central. Ele disse que também move ações contra a Kia, pedindo a integralização do capital que não teria sido cumprido pela montadora, de quase US$ 200 milhões. "A falta desse capital impediu a construção da fábrica", disse. No processo, ele também acusa a montadora de abuso de poder econômico.

O sócio Jeon foi preso no fim de 1998 na Coréia, quando visitava o país. Ficou detido por um ano e meio (19 meses). Foi julgado e condenado a dez anos por ações fraudulentas que teria praticado na Asia brasileira. Conseguiu um habeas corpus e fugiu para o Brasil. Em julho passado, foi preso pela Polícia Federal de São Paulo. Na segunda-feira, atendendo pedido do governo da Coréia do Sul, o STF decidiu por sua extradição. Nos próximos dias, ele vai apelar pela reversão da decisão.



NOVA CHANCE - O presidente Lula durante inauguração da fábrica da Hyundai: primeira tentativa da empresa de se instalar no Brasil fracassou

ENTENDA O CASO

PROJETO: A Asia Motors, então subsidiária da Kia Motors, anunciou na década de 90 que construiria uma fábrica na Bahia. A Asia Motors teria 51% da fábrica. Os 49% restantes seriam do brasileiro Washington Armênio Lopes e do coreano Chong Jin Jeon, que vive no Brasil.

FRACASSO: Em 1998, a Hyundai comprou a Kia Motors. No ano seguinte, a construção da fábrica brasileira foi abortada.

DÍVIDA: No rastro da construção da fábrica, foram importados para o Brasil cerca de 70 mil modelos Hyundai, parte deles com desconte de 50% nos impostos, como previa o regime automotivo. Como a fábrica não foi construída, o governo passou a exigir que o desconto fosse devolvido.

COBRANÇA: Segundo o governo, o valor original da multa é US$ 217 milhões. em 2003, segundo advogados que acompanham o caso, teria chegado a RS$ 858 milhões. Hoje, a estimativa é que ultrapasse R$1 bilhão.


Fonte: O ESTADO DE S.P. / NEGÓCIOS / 27.04.2007

Sócio da Asia Motors do Brasil é preso na Coréia

ASSESSORIA DA EMPRESA ALEGA HAVER UM ENGANO
Executivo é acusado de um desfalque de US$ 180 milhões na matriz da companhia


O executivo da Asia Motors do Brasil, Chong Jing Jon, sócio da fábrica que está sendo construída na Bahia, foi preso na Coréia sob acusação de ter dado um desfalque de US$ 180 milhões na matriz. O anúncio da prisão foi feito na quarta-feira por promotores da Justiça de Seul. A direção da empresa no País informou ontem não ter conhecimento de nenhum ato ilícito que possa ser atribuído a seu sócio, que no País adota o nome de Stoney Jeon.

Com o empresário brasileiro Washington Armênio Lopes, Jeon é dono de 49% das ações da Asia Motors do Brasil (AMB). Os outros 51% pertencem à matriz coreana, que fazia parte do grupo Kia Motors, que está em processo de concordata. Ambas foram adquiridas recentemente pela também coreana Hyundai.

De acordo com a assessoria de imprensa da Asia Motors do Brasil, o executivo Jeon, que mora em São Paulo há vários anos, estava na Coréia para negociar a compra de veículos da marca e acertar novas associações. Ele foi preso no fim de dezembro, mas somente na quarta-feira a Promotoria local formalizou a detenção. Na próxima semana, seu advogado virá ao País para juntar documentos que provem sua inocência. Outros dez executivos da montadora na Coréia também estão sendo investigados pelo desfalque.

A assessoria da empresa informou que o valor que a Justiça coreana alega ter sido desviado por Jeon, referente à comercialização de cerca de 20 mil vans Towner e Topic, foi convertido em capital para a construção da fábrica em Camaçari (BA), com aprovação da matriz. A dívida seria paga no prazo de dois anos, sendo que parte dela deve vencer em breve.

Ainda segundo a assessoria, as obras da fábrica estão em andamento, com previsão de início das operações no fim deste ano. O próprio presidente Fernando Henrique Cardoso participou da cerimônia de lançamento da pedra fundamental.

A empresa recebeu incentivos fiscais para sua instalação e participava do regime automotivo, que lhe dava direito a importar veículos pagando metade do imposto de importação. Como o cronograma de construção da fábrica não foi cumprido, no início de 98 o governo suspendeu o benefício, que já acumulava um crédito de US$ 140 milhões.


Fonte: O ESTADO / ECONOMIA / 08.01.1999 / SÃO PAULO

Lula evita reunião com Hyundai

Empresa tem dívida de R$ 1 bilhão com o governo

BRASÍLIA

O Palácio do Planalto teve o cuidado de negar, na semana passada, pedido de audiência do presidente mundial do grupo coreano Hyundai, Chung Mong-Koo, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A cautela impediu que Lula recebesse um insólito pedido de perdão da dívida de cerca de R$ 1 bilhão da empresa com a Receita Federal. A Kia Motors Corp., comprada pela Hyundai em 1998, foi beneficiada por um pacote de incentivos para a atração de investimentos. Não construiu a fábrica prometida e deixou em descoberto uma conta que, até hoje, o governo não tem de quem cobrar.

Sem pisar no Palácio do Planalto, o executivo aproveitou para expor ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ao senador Romero Jucá (PMDB-RR) os planos da companhia de investir U$ 1 bilhão em uma nova fábrica no Brasil. Fontes do governo viram no movimento uma tentativa do empresário coreano de convencer parlamentares a aprovar uma lei de perdão à dívida - iniciativa que só o Congresso pode adotar. Em abril, executivos da montadora coreana participaram da inauguração da fábrica da Hyundai em Anápolis (GO), ao lado de Lula. O investimento nessa fábrica foi feito pelo Grupo Caoa, de capital nacional.

O imbróglio começou em 1996, quando o governo Fernando Henrique Cardoso adotou pacote de incentivos para empreendimentos no Nordeste e Centro-Oeste. A Asia Motors, pertence à Kia, se inscreveu no programa e prometeu construir uma fábrica na Bahia. Passou a usufruir de isenção de imposto de importação de veículos da matriz e outros benefícios fiscais. Em 1999, desistiu do projeto. Nas contas do governo, foram importados 70 mil veículos.

Como não cumpriu a contrapartida, a Asia estaria sujeita à cobrança dos impostos de multa, cujo valor original era de US$ 217 milhões. Hoje, seria de R$ 1 bilhão. O governo acabou sem ter de quem cobrar a dívida. O caso dividiu-se em várias batalhas judiciais - da Receita contra os sócios da Asia Motors do Brasil, o brasileiro Washington Armênio Lopes e o coreano Chong Jin Jeon; dos sócios contra a Kia e vice-versa.


Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO / NEGÓCIOS / 16.05.2007 / BRASÍLIA

BANCOS COREANOS SOCORREM A KIA (KIA MOTORS COMPANY)

Conglomerado sul- coreano, que inclui a Asia Motors, deve US$ 10,7 bilhões a credores

SITUAÇÃO NO BRASIL MANTÉM-SE NORMAL
Vista aérea do complexo industrial da Kia, na Coréia do Sul: credores querem evitar a falência


Um consórcio de bancos coreanos liderado pelo Korea First Bank anunciou ontem uma operação financeira para evitar que a Kia - oitavo maior conglomerado da Coréia do Sul - entrasse em processo de falência. O grupo formado por 38 empresas, incluindo a Asia Motors, deve cerca de US$ 10,7 bilhões a credores, a maioria formada pelos próprios bancos que decidiram socorrer a empresa. A decisão não deve afetar os investimentos da Kia e da Asia no Brasil.

Responsáveis pelas duas montadoras informaram ontem ao Estadoque "vão manter os cronogramas de inaugurações de suas fábricas". A assessoria de imprensa da Asia Motors do Brasil confirmou que a inauguração da fábrica da Bahia vai ocorrer em outubro de 1999. A capacidade inicial de produção será de 60 mil vans Topic e Towner por ano. O investimento total é de US$ 500 milhões, sendo que metade será bancado pela Asia coreana e o restante por dois empresários brasileiros, Roberto Uchoa e Washing ton Armênio Lopes, e o coreano Stoney Jon. Segundo a empresa no Brasil, nos dois casos os investimentos serão obtidos com instituições financeiras. A Asia ficará com 51% das ações e os empresários com 49%.

O grupo paulista Gandini, que pretende construir uma fábrica dos caminhões Kia Bongo em Itu (SP), informou que o investimento de US$ 50 milhões virá de recursos próprios. O presidente da empresa, José Luiz Gandini, disse que serão produzidos 10 mil veículos por ano. O início das operações está previsto para julho de 1999, mas pode ser antecipado. Ele ressaltou que a filial coreana enfrenta problemas desde 1992 e que a decisão dos bancos locais, neste momento, visa solucioná-los.

Efeito dominó - Na Coréia, o consórcio criado para resgatar o grupo Kia até que a empresa consiga saldar suas dívidas vai se reunir no dia 30 para definir as medidas a serem adotadas. O Korea First Bank escolheu 18 das 38 empresas que formam o conglomerado para receberem ajuda. O plano deve ser executado no prazo de dois meses. É possível que, no futuro, o próprio governo participe da ação. O objetivo é evitar o chamado "efeito dominó", já que em janeiro uma das maiores corporações locais, a Hanbo Steel, foi à falência.

Das ações do grupo, 44,5% estão na bolsa de valores e com funcionários, 36,6% são da própria Kia, 16,9% da Ford e 2% da Itochu. A intenção do consórcio é recuperar as finanças da empresa e não está descartada a venda de participações. Um dos grupos interessados é a Samsung, que vem tentando entrar no mercado automobilístico.


Fonte: O ESTADO / ECONOMIA / 16.07.1997 / BRASIL

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Ex-presidente da Samsung é condenado por sonegação, mas não será preso


"Chong Jin Jeon foi condenado a 10 anos de prisão sob falsas acusações de fraude, enquanto presidentes de grandes empresas sul-coreanas (verdadeiros criminosos) cometem crimes, e são substituídos por serviços comunitários e multas. (é brincadeira?)"


da Efe, em Seul

O empresário sul-coreano Lee Kun-hee, que durante 20 anos presidiu a maior empresa do país, a Samsung, foi condenado por sonegação fiscal, mas não será preso como ocorreu com outros grandes empresários do país ligados a supostos casos de corrupção.

O Tribunal Central do Distrito de Seul sentenciou Lee a três anos de prisão por sonegação fiscal, com suspensão de pena, e a pagar uma multa de US$ 109 milhões. O empresário renunciou a seu posto em abril, pouco após ser processado.

Lee Kun-hee foi declarado culpado de sonegar US$ 45 milhões que deveria pagar de impostos pelos US$ 4,6 bilhões que tinha escondido em contas bancárias em nome de outros executivos, mas não deverá ser preso.

"A sonegação fiscal significa burlar as obrigações de pagar impostos ao Estado e é um ato que prejudica a confiança do povo", afirmou o juiz, que condenou o empresário a três anos de prisão, mas com suspensão de pena.

Além disso, o empresário foi absolvido da acusação de prevaricação após sua tentativa de transferir o controle da empresa a seu filho, Lee Jae-yong, o que originou todo o escândalo.
O caso envolveu a Samsung, que com mais de 250 mil funcionários é responsável por mais de 20% das exportações da Coréia do Sul, na maior crise de seus 70 anos de história.

O responsável em grande parte pela ascensão da corporação --que inclui companhias de ponta como a Samsung Electronics e o estaleiro Samsung Heavy Industries-- foi Lee Kun-hee, 66, que assumiu o mandato da empresa em 1987 e que a transformou no maior conglomerado sul-coreano.

Após décadas evitando os escândalos, a queda do empresário veio em abril passado, quando, após ter sido acusado oficialmente de corrupção, evasão de impostos e prevaricação, renunciou a seu cargo de presidente.

Hoje Lee foi condenado, mas se livrou dos sete anos de prisão pedidos pela promotoria e de uma multa de US$ 350 milhões.

Este não é o único caso de um magnata sul-coreano que escapou de ser preso, apesar de ter recebido fortes sentenças associadas a supostos casos de corrupção em um país no qual o poder econômico está intimamente ligado ao político.

Em um caso semelhante, um tribunal de apelação também suspendeu no ano passado a prisão do presidente da Hyundai Motor, Chung Mong-koo, por um caso de desvio de dinheiro, ao considerar sua contribuição à economia do país.

Chung, 69, realiza apenas trabalhos comunitários apesar de ter sido condenado a três anos de prisão por desviar dinheiro ilegalmente para subornar funcionários e transferir ações de forma fraudulenta para garantir o controle da empresa.

Outro incidente semelhante aconteceu em 2006 com Park Young-sung, presidente do conglomerado Doosan, uma das 20 maiores empresas da Coréia do Sul.

Acusado de desvio de dinheiro e de fraude contábil, Park foi condenado a três anos de prisão que não teve que cumprir, pois a sentença incluía a suspensão de pena.

Além disso, Park era presidente da Federação Internacional de Judô, por isto o COI (Comitê Olímpico Internacional) o condenou a cinco anos de suspensão por violar os princípios éticos da entidade.

Também em 2007, outro grande empresário, Kim Seung-youn --presidente do grupo sul-coreano Hanwha, o nono maior do país--, escapou de ser preso graças a uma sentença de apelação que o condenou a algumas horas de serviços sociais.

Kim foi condenado por agredir, diante de um grupo de mafiosos, vários garçons em represália pela surra sofrida por seu filho em um bar.


Fonte: FolhaOnline


Fonte: BandNews

terça-feira, 22 de julho de 2008

HISTÓRICO DE CHONG JIN JEON (PARTE 2)


CHONG JIN JEON

° Acusações absurdas:
- Primeira Acusação: Estelionato (Não pagamento de D/As)
________# É detido por alguns dias e depois o juiz de plantão julga que não há nenhum problema e o solta.

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* INOCENTE

- Segunda acusação: FUNDAP (um órgão que existe só no Brasil)
________# É preso no dia 12 de dezembro de 1998 por FUNDAP

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* Preso por FUNDAP na Coréia
____* INOCENTE

- Terceira Acusação: Aumento de Capital (Fradue)

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* Depois de 6 meses preso por FUNDAP e inocentado, é acusado pelo aumento de capital que foi feito em território brasileiro.

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* Tinha 6 pessoas na A.C. (Administração Comitê) aonde foi decido e assinado o aumento de capital. Nenhuma das outras 5 pessoas que assinaram o documento foram questionados, só o Chong.

____
* Porque só ele tem que ser preso e levar toda a culpa se tem outros responsáveis na decisão do aumento de capital?? Como o presidente da empresa e os membros da A.C. (todos os coreanos e mandados pela própria Asia Motors da Coréia).

- A Hyundai-Kia (dono da Asia Motors Corporation da Coréia) o acusou dizendo
que a Asia Motors do Brasil era uma empresa sem fundos e dinheiro, quando na realidade era uma das maiores importadoras no Brasil.

° Foi inocentado na primeira instância sobre estelionato e recebeu 7 anos de prisão sobre a acusação de aumento de capital que ocorreu em território brasileiro e não na Coréia. Não estava presente durante o julgamento da segunda e terceira (Suprema Corte) instância (estava no Brasil e mesmo assim julgaram o caso) e culparam-no sobre o estelionato, acrescentando a pena para 10 anos.

° Prisão na Coréia
- Esteve preso na custódia em uma pequena cela com mais 8 pessoas.
Aonde não tinha cama e só podiam deitar no chão, isso é se conseguissem um espaço.
____* Foi detido no dia 12 de dezembro de 1998 e ficou preso na custódia de Seul. Esteve preso neste lugar, nestas condições por 1 ano e 7 meses. O tempo máximo que um preso pode ficar detido sob custódia é de 6 meses.

____* As pessoas da mesma cela dele eram todos criminosos de alto perfil, como assassinos ou molestes. E nenhum caso de crime empresarial, que seria o caso do Chong. Trataram-no como se ele tivesse assassinado alguém.

____* Teve que fazer uma urgente cirurgia na coluna (disco) enquanto estava preso. Depois de uma semana da cirurgia, com a pressão da Hyundai-Kia, foi colocado na mesma cela aonde sofreu muito mais pois não teve tempo suficiente para recuperação após a cirurgia.

° Finalmente foi solto depois de negociar com a Hyundai e pagou US$ 10 milhões para a Hyundai e foi solto sob fiança no dia 13 de Junho de 2000.

° Negociação com a Hyundai
- Depois de ser solto sob fiança tentou negociar e resolver com a Hyundai-Kia mas eles não estavam dispostos a resolver e só exigiam mais dinheiro (inexistente) e faziam ameaças de colocá-lo de volta sob custódia.

- Chong tentava convencê-los para ir ao Brasil para mostrar a eles que a empresa Asia Motors do Brasil existia e que era uma das maiores empresas do Brasil. E que também a fábrica iria ser construída, não era uma mentira. Mas eles não queriam ir ao Brasil e não liberaram a saída de Chong também.

- Chong tentou negociar com a Huindai-Kia por um ano, mas eles não queriam saber. Uma das propostas que eles fizeram era de colocar toda a culpa no seu sócio e presidente da AMB e nunca mais voltar para o Brasil. Chong viu que não tinha mais como resolver na Coréia. Então decidiu voltar para o Brasil para poder resolver todos os seus problemas/acusações da Coréia e para provar sua inocência, limpar o seu nome sujo e ter de volta a sua honra.

° O retorno ao Brasil não foi como ele esperava. Ele estava com a identidade de um fugitivo, então não pode aparecer ou agir em liberdade. Ficou morando fora de casa e não mais com sua família desde 2002, como fugitivo e só podia ver a família talvez uma vez por semana, sempre preocupado em ser pego. E nem pode ir aos eventos escolares de suas filhas como formaturas e jogos esportivos.

° A Coréia assinou o decreto de extradição com o Brasil em 2002 e logo depois colocou o pedido de extradição do Chong em 2003.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

HISTÓRICO DE CHONG JIN JEON (PARTE 1)

1964 Janeiro
- Nascimento de Chong Jin Jeon (CJJ)

1976 Novembro
- Imigração da família Jeon da Coréia para o Brasil
- CJJ tinha 12 anos na época
- CJJ teve mais facilidade com a língua Portuguesa em comparação com os outros membros da família
- CJJ conseguiu aprender a língua com facilidade e procurou empregos como costureiro.
- A família de CJJ começou a confeccionar roupas e costurar

1979
- Começou a vender suas peças de roupas de porta-a-porta. Dava amostras grátis para os clientes provarem, e assim começou a fornecer roupas para as lojas de confecções.

1983 Novembro
- Conheceu Jin Sook Lee fornecendo roupas na loja dos pais dela.

1984 Julho
- Casamento com Jin Sook Lee no Brasil
- Começou a trabalhar com a família da esposa

1985 Fevereiro
- Abriu uma loja de roupas na Rua Silva Pinto (Bom Retiro)
- Começou a fazer negociações com os sindicatos do comércio de grandes fábricas de carros como a GM, Volkswagen, Ford;
- Providenciou mesas de sinucas e outros acessórios gratuitamente nas salas de estar dos operários das fábricas para conseguir um canto aonde podia pôr o seu cartaz e uma mesa para dispor suas roupas em display.
- Com este pequeno espaço começou a vender suas roupas para os funcionários das fábricas e pagava 10% do seu lucro para o síndico da fábrica por deixar fazer seus negócios no local e vender para os funcionários. E assim começou a vender roupas aos poucos.

1985 Novembro
- Nasceu a primeira filha, Jeniffer Jeon, em São Paulo

1987 Janeiro

- Nasceu a segunda filha, Suely Jeon, em São Paulo

1988~1990

- Até o ano 1990 conseguiu abrir aproximadamente 10 lojas

1989 Março

- Nasceu a terceira filha, Bonnie Jeon, em São Paulo

1990

- A família de CJJ (pais, irmãos, e irmãs) imigram do Brasil para os Estados Unidos. Tentam convencer CJJ, mas ele se recusa a ir por que ele teve um estudo no Brasil, consegue falar a língua Portuguesa melhor do que o Inglês, e gostava mais do Brasil do que dos Estados Unidos. Foi o único que ficou no Brasil.

1993 Julho

- Junto com o Washington Armênio Lopes (WAL) e Roberto Uchôa Neto (RUN) estabeleceu a importadora de carros, Asia Motors do Brasil (AMB)
- Antes de trabalhar com o WAL e o RUN, trabalhava na parte de comércio da Kia Motors do Brasil
- Com o WAL e o RUN começou a importar carros da Asia Motors Corporation (AMC) para o Brasil

1995 Julho
- A família inteira (Beth, Jeniffer, Suely, e Bonnie) de CJJ muda-se para Seul, Coréia do Sul, e reside lá até Julho de 2001 (6 anos morando na Coréia)

(Como que o CJJ manda a família inteira para um país aonde ele supostamente daria um golpe?)

1996 Novembro

- Conclusão do “Mutual Agreement”
- Em Março de 1995, o imposto de importação no Brasil aumentou de 20% para 70%. As companhias que importavam não podiam depender mais da importação por que só teria prejuízo. Por isso, depois de inúmeras discussões e entendimentos a AMC e a AMB decidiram em fazer um Joint Venture e abrir sua própria fábrica no território brasileiro, criando a nova AMB.

1997 Junho
- No dia 24 de Junho foi a conclusão do Joint Venture Agreement
- Seu título na AMB era de vice-presidente, mas como ele não tinha conhecimento e estudo na parte financeira e administrativa, e com o Joint Venture, a própria AMC (sócio majoritário) transferiu ele para o cargo de Conselheiro da companhia e trabalhava só na área comercial. Assim ele não tinha mais conhecimento em detalhes do que acontecia na parte administrativa.

1997 Julho
- No dia 15 de Julho a Kia Motors Corporation (Coréia) e a Asia Motors Corporation foram a falência e entraram em concordata.

1997 Agosto
- Ground Break Ceremony no dia 8 de Agosto. Foi uma grande cerimônia em Camaçari, Bahia com a presença do Presidente da República (FHC), governador e deputado do estado da Bahia. Também presentes estavam o presidente da AMC, embaixador da Coréia, e outros membros da companhia.
- Na época, circulou muitas reportagens sobre a cerimônia em jornais e canais de televisão. Questões sobre a construção da fábrica, o por que a empresa AMC estava falida na Coréia.

1998 Junho
- Começa a importação do carro Galloper da Hyundai Motors; 2500 carros. O CJJ era o responsável pela importação dos carros. Era ele que estava cuidando de todas as providências, levando dealers brasileiros para a Coréia para conhecerem os carros.
- Como a AMC tinha falido e estava passando pela corte e governo Coreano, eles pararam de fornecer carros ao Brasil. A AMB (Brazilian Shareholders) estavam sendo pressionados pelos Dealers do Brasil. Por isso entrou em contato diretamente com a Hyundai Motors e fizeram um contrato de 2500 Gallopers.
- Mas mesmo com o contrato e acordo feitos, a Hyundai parou de fornecer carros e peças dos carros desde Fevereiro de 1999, após a prisão de CJJ.

1998 Outubro
- Em 19 de Outubro, a Hyundai conseguiu um contrato em incumbir-se a Kia Motor Corporation (KMC) e a Asia Motor Corporation (AMC).

1998 Novembro
- Dia 12 de Novembro CJJ retorna para a Coréia para fazer acordo com a Hyundai, a nova dona da AMC, sobre a construção da fábrica no Brasil e o Joint Venture. A Hyundai não queria saber sobre a construção da fábrica, mas estavam ocupados em como receber o perdão da dívida da empresa (KMC/AMC).
- Dia 14 de Novembro, CJJ é detido pela polícia no elevador depois de sair de uma reunião com a Hyundai Motors. Ficou detido por alguns dias até ser julgado pelo juiz de plantão se deveria ser preso ou não. O promotor o mandou embora dizendo que não havia provas de crime sobre os não pagamentos dos D/As.

1998 Dezembro
- No dia 1º de Dezembro, a Hyundai Motors assumiu oficialmente a Kia Motor Corporation (KMC), incluindo a AMC.
- Em 9 de Dezembro CJJ se apresenta à polícia, para declarar sua inocência mas é detido novamente sobre a acusação do não pagamentos dos D/As. Depois de ser preso, a Hyundai começa a fazer negociações e propostas para o WAL.
- A Hyundai achou que com a prisão de CJJ, iria causar medo e desespero levando-o a admitir quaisquer alegações que fossem dadas, mesmo sendo falsas. Mas como CJJ é inocente não tinha razão para admitir e não entendia por que estavam alegando com tais crimes.

1999 Setembro
- CJJ sofria com sérios dores e problemas na coluna (cintura). Teve que passar por cirurgia de recolocação da coluna (titânio), e em menos de uma semana da cirurgia ele foi detido novamente pela pressão da Hyundai.

1999 Novembro
- No dia 5 de Novembro CJJ é condenado à 15 anos de prisão pela Promotoria Coreana. [Fraud at the specific economic crime; crime econômico específico]

1999 Dezembro
- No dia 9 de Dezembro, na Primeira Instância, CJJ é condenado à 7 anos de prisão sobre a acusação de aumento de capital e suborno. É importante notar que a acusação sobre o aumento de capital só foi alegado depois de 6 meses de sua detenção em novembro de 1998. Isto é, por que a alegação sobre o não pagamentos dos D/As, não foi o suficiente para a sua prisão, que acabou sendo inocentado.

1999~2000
- Desde a prisão do CJJ até o começo de 2000, a Hyundai continuava a negociar com o WAL, e ofereceu-lhe 30 milhões de dólares para desistir da participação na construção da fábrica e parar de ajudar a provar a inocência de CJJ.

2000 Junho
- Com a continuação das ameaças da Hyundai, chegaram a um acordo em pagar uma fiança a eles. E no dia 10 de Junho CJJ depositou 10 milhões de dólares sob fiança para a Hyundai com a ajuda de familiares e do WAL.
- No dia 13 de Junho, CJJ finalmente é solto sob fiança depois de um ano e sete meses preso.

2000 Junho ~ 2001 Setembro
– CJJ tentou negociar durante um ano com a Hyundai, mas só faziam ameaças e pediam mais dinheiro para o CJJ.
Sem saídas, CJJ pedia para a Hyundai acompanhá-lo ao Brasil aonde ele poderia dar todas as ações para a Hyundai. Mas a Hyundai só exigia as mesmas coisas e não queriam vir para o Brasil para resolver os problemas.
CJJ até chegou a assinar um documento descrevendo todos os seus bens, que entregaria tudo para a Hyundai, se eles só viessem para o Brasil para ele poder provar sua inocência.
CJJ sabia que nunca conseguiria nada na Coréia, pois as importantes testemunhas não estavam presentes durante o julgamento da primeira instância e só tinha falsas testemunhas, todos contra o CJJ.
Ele sabia que nunca iria ser julgado justamente ou achar justiça nas cortes Coreanas, pois a Hyundai é praticamente o dono do país.

2001 Setembro
- Não conseguindo nenhuma solução e não agüentando mais as ameaças da Hyundai, CJJ conseguiu voltar para o Brasil. É importante entender que ele não fugiu para se esconder, ele retornou para poder resolver e provar sua inocência. Mas não foi tão fácil quando voltou ao Brasil, pois a empresa AMB já estava falida enquanto estava detido na Coréia.

2001~2002
- A Hyundai procura o CJJ e o WAL, junto ao advogado Michael S. Goldberg, para negociar. Mas a Hyundai nega em limpar o nome e restaurar a honra do CJJ e só queriam levar mais vantagem dos acionistas brasileiros. O advogado Goldberg chegou a dizer ‘off the record’, é claro, que sabe que o CJJ é inocente, mas foi a Hyundai que o contratou.

2002 Janeiro
- No dia 26 de Janeiro faleceu a mãe de CJJ de câncer no fígado (também piorou mais por extremo estresse) em Los Angeles, tentando esclarecer e persistir a inocência de seu filho. Ele nem pôde comparecer no funeral de sua própria mãe por causa de sua identidade de fugitivo.

2002 Maio
- No dia 28 de Maio foi julgado pela segunda instância na corte coreana e foi condenado à 10 anos de prisão. Também foi culpado por empréstimo de renda (os pagamentos dos D/As), aonde foi julgado inocente na primeira instância.

2002 Outubro
- Pedido de extradição da Coréia para o Brasil de acordo com o Tratado de Extradição Brasil-Coréia.

2003 Setembro
– A Coréia pede a detenção e a extradição de CJJ.

2003~2006
- CJJ teve que sair de casa e assim começa a morar em lugares escondidos por causa de sua perseguição. Só podia ver a família de vez em quando, no máximo um jantar por semana se tiver sorte. E assim morou sozinho até ser detido

2006 Julho
- Dia 13 de Julho, CJJ é preso sob custódia da Polícia Federal.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Quer cometer um crime? Faça-o na Coréia, a Justiça irá converter-la em serviços comunitários. (É uma palhaçada total!)

"Volta aos negócios"
Justiça coreana anula prisão do presidente da Hyundai


A Justiça coreana anulou, pela segunda vez, a pena de 3 anos de prisão a que foi condenado o presidente da Hyundai Motor, Chung Mong-koo, acusado de desvio de fundos e transferência fraudulenta de ações. Por determinação Tribunal de Apelação da Suprema Corte de Seul, na Coréia do Sul, Chung terá apenas de cumprir 300 horas de serviços comunitários. A informação é da agência de notícias EFE.

A agência informa, ainda, que num outro julgamento de apelação feito no ano passado, a Procuradoria sul-coreana reiterou seu pedido de seis anos de prisão para Chung Mong-koo ao considerar que a pena de três, à qual foi condenado em fevereiro de 2006, não era suficiente. Em abril de 2006, Chung Mong-koo chegou a ser detido sob acusação de desvio ilegal de fundos e suborno a funcionários públicos. O presidente ficou apenas dois meses em prisão preventiva e ganhou liberdade após pagar uma fiança de US$ 1,4 milhão.

Com a decisão, Chung só volta à cadeia se pratica alguma nova ilegalidade. Para suspender a pena, o juiz Kil Ki-bong, que presidiu o julgamento, alegou que Chung Mong-koo não se beneficiou pessoalmente com as supostas fraudes. O juiz levou em consideração, também, a promessa do empresário de doar 1 trilhão de wons (US$ 985 milhões) para obras assistenciais. Em nota, a Hyundai afirmou estar aliviada com o fim do caso: Podemos agora focar nossas energias em fazer do Grupo Hyundai-Kia um líder global”. A decisão permite também que Chun Mong-Koo reassuma todas suas funções e atribuições na empresa. As ações da empresa tiveram, no dia, uma queda de 4,9% na bolsa.

Antecedentes
Chung Mong-koo foi condenado com a acusação de ter se apropriado de fundos no valor de 90 bilhões de wons (US$ 87 milhões) e de tr causado à companhia danos no valor de 210 trilhões de wons (US$ 205 milhões) ao transferir ações da empresa para seu filho a preços menores que os de mercado.

A Hyundai Motor é o segundo maior grupo industrial sul-coreano, com faturamento superior a 25 trilhões de wons (US$ 25.000 bilhões) e mais de 50 mil empregados. A empresa é também o sétimo maior fabricante de automóveis no mundo, com filiais nos Estados Unidos, na Índia, na Turquia e na China.

Fonte: Revista Consultor Jurídico, 3 de junho de 2008


sexta-feira, 13 de junho de 2008

A RUÍNA DO JOVEM EMPRESÁRIO COREANO E A HYUNDAI

Reportagem publicada no jornal sul-coreano 'Marl'

QUEM É JEON CHONG-JIN?
Repórter Seo Jeong-Hwan

Acredito que não haverá quem negue que até o início da década de 1990, não, na verdade, até hoje, o herói máximo do futebol sul-americano seja o jogador Carlos Valderrama da Colômbia, “el pibe”. No entanto, os jogadores que, juntamente com o Valderrama, formaram a linha de ataque mais poderosa do mundo, levando a seleção colombiana ao topo do mundo, talvez mais do que isso, à maior equipe de todos os tempos, são Faustino Asprilla e Freddy Rincón.
Com o passar dos anos, esses heróis também passaram pelas mazelas da vida. Freddy Rincón, que vive no Brasil, foi preso pela Polícia Federal no ano passado, suspeito de envolvimento em tráfico de grande porte de drogas por causa de outro sócio de sua empresa pesqueira Nautipesca.

Porém, este incidente não representou para Freedy Rincón somente um prejuízo. Durante sua prisão, ele encontrou seu “guru”. Freddy Rincón, que hoje ainda exibe um corpo atlético e atua como modelo, declara publicamente que “ele é o meu herói e o meu guia pela vida”. Freddy Rincón é um astro proeminente do futebol, a ponto de um jogador da seleção da Ucrânia, Diogo Rincón, ter se autonomeado assim, tamanha admiração pelo jogador colombiano.

O herói dos heróis do futebol sul-americano

Mas quem é essa figura que Freddy Rincón venera como herói?
É Chong-jin Jeon, um coreano radicado no Brasil. Quando Rincón encontrou Jeon pela primeira vez, ele havia sido preso pela Polícia Federal brasileira para ser extraditado à Coréia, segundo o Tratado de Extradição de Criminosos firmado entre a Coréia e o Brasil. Por que então ele estava lá?
Essa história remonta a uns 30 anos atrás. Jeon, que nasceu em Anseong, província de Chung-Nam, era um estudante do ginásio, na Escola Gyeong-Hee, em Seul, em 1975, quando sua família decidiu imigrar para o Brasil. E ele veio junto aos seus pais. Jeon, que viera parar em terras brasileiras sem entender nada, começou a trilhar uma vida difícil.



CHONG JIN, JEON

Ele tem irmãos e irmãs mais velhos, mas foi ele quem aprendeu mais rapidamente o português, mostrando uma capacidade superior de adaptação. Logo ele se tornaria o pilar de sua família. O primeiro trabalho que ele, ainda menino, assumiu para viver no Brasil foi de costura para uma fábrica de confecção de roupas. Trabalhou duro a ponto de se gabar, até hoje, que “sou capaz de passar qualquer overloque”, mas com isso era difícil sustentar a família. Então, juntamente com a irmã mais velha, passou a vender roupas de porta em porta, carregando uma bolsa pesada. Ao ver dois adolescentes orientais carregando bolsas de roupas, todos logo fechavam as portas de suas casas.
Ninguém o ensinara, mas ele desenvolveu uma tática de marketing de venda que consistia em convencer as pessoas da seguinte forma: “Experimente. Voltarei em uma semana. Se não tiver gostado, não precisa pagar, darei a roupa de graça”. A estratégia foi o que fez as portas, que até então estavam bem fechadas, se abrirem.
Aos 21 anos, casa-se com a filha do proprietário da loja de roupas para a qual sua pequena confecção vendia. Nessa época, ele começou a demonstrar com toda força seu potencial inato para vendas, pois, com seus parcos vinte anos, tornara-se proprietário da fábrica de roupas em que era funcionário, tornando-se um empresário promissor.

Em pouco tempo, tinha cerca de 10 lojas de roupas em São Paulo. Como vários outros coreanos bem-sucedidos no Brasil, ele também, depois que seus negócios estavam consolidados, desejou trabalhar em algo relacionado ao seu país de origem. No início da década de 1990, conheceu alguns executivos da Asia Motors Corporation (Coréia; AMC), e fundou a Asia Motors do Brasil (AMB), uma importadora de automóveis. Passou a vender no mercado brasileiro as vans Towner e Topic, que já não obtinham grandes vendas na Coréia. Novamente, mostrou astúcia, oferecendo uma Towner à filha do então presidente Fernando Henrique Cardoso, obtendo um ótimo resultado propagandístico.
Sua empresa AMB apresentou um crescimento vertiginoso, atingindo o primeiro lugar em vendas dentre as importadoras de automóveis no Brasil e figurando entre as 50 maiores empresas do Brasil em termos de volume de negócios. Chegou a vender 2.700 unidades em um único mês.

A maior crise de sua vida começou a abatê-lo em 1995, quando o governo brasileiro elevou o imposto sobre importação de automóveis, taxando-os em 70%. Em 1997, a Kia Motors (Coréia), proprietária da Asia Motors Corporation (Coréia; AMC), ficou inadimplente e não conseguia mais obter fornecimento adequado para os automóveis. Em novembro de 1998, após participar de uma reunião do Comitê Gestor da AMB na matriz da Asia Motors Corporation (Coréia; AMC), localizada em Yeoui-do, Seul, ao sair da sala de reuniões, foi preso pela polícia por um crime que mal compreendia. Segundo a lei, ele receberia punição severa por crimes econômicos específicos.
Jeon, que mal conseguira completar os estudos ginasiais na Coréia, gozava de um status social bastante alto no Brasil. Na sua ingenuidade, desafiou o promotor que viera prendê-lo, agarrando-o pelo colarinho, por um crime absurdo. Sua ignorância e falta de conhecimento sobre a Coréia era imensurável.
Em primeira instância, foi condenado a sete anos de prisão e, por meio de um acordo com a Hyundai Motors, foi solto em junho de 2000 sob fiança. Ele, que provara do “gosto amargo da pátria”, decretou rendição incondicional à Hyundai, dizendo que “farei tudo que a Hyundai quiser se me levarem de volta ao Brasil”. Mas até o fim, a Hyundai não lhe deu confiança e não assinou a revogação da proibição de deixar o país.
Numa noite de julho de 2001, ele escondeu-se em um contêiner no cais do porto de Incheon. O navio que levara o contêiner atravessou o Mar Amarelo e levou-o às terras chinesas. Perambulou pela China como se quisesse se livrar de todas as memórias ruins da Coréia e, em setembro de 2001, depois de passar uma temporada na Espanha, voltou ao Brasil, após assistir, pelos meios de comunicação, à tragédia de 11 de setembro. Depois isso, iniciou novas atividades empresariais no Brasil, esforçando-se e tentando reerguer suas bases que estavam totalmente arruinadas.



Prédio da PF em São Paulo


“Chega de vítimas de Chaebol (Plutocracia)”

Novamente, seu empreendimento, a construção de um campo de golfe, foi muito bem-sucedido. A essa altura, a Hyundai Motors, que se tornara proprietária da Kia Motors, inicia uma tentativa de acordo com Jeon e seu sócio Washington Lopez (presidente da AMB), por meio do advogado norte-americano Michael Goldenberg, especialista em transações internacionais, e Park Seong-do, diretor da Divisão de Negócios Internacionais da Hyundai.
A pauta do acordo seria: “Iremos resolver a questão das multas no Brasil e o aumento de capital”. Jeon, que ansiava ardentemente pelo reconhecimento de sua inocência e a recuperação de sua honra perdida, negou-se terminantemente. Mas isso era o início de uma nova tormenta.

Em outubro de 2002, o governo coreano solicitou ao governo brasileiro a extradição de Jeon, de acordo com o Tratado de Extradição assinado entre os dois países, e quatro anos mais tarde, em julho de 2006, Jeon foi preso pela Polícia Federal brasileira. Durante seu período de prisão, encontrou amigos como Rincón, mas também perdeu a mãe. Hoje, preso no terceiro andar da sede da Polícia Federal em São Paulo, espera a visita de amigos ou da família, para quem é permitida uma visita semanal. Sempre que encontra alguém, ele enfatiza: “Eu sei o quão poderoso é o adversário com quem estou brigando. Mas chega de vítimas injustiçadas de Chaebol, isso não pode mais se repetir”.


Freddy Rincón: “ele é o meu herói e o meu guia pela vida”

Publicado em: 26/11/2007 - 15:25:54
Fonte: Fala (marl)
Repórter Seo Jeong-Hwan


A RUÍNA DO JOVEM EMPRESÁRIO E A HYUNDAI
O QUE HYUNDAI PERDEU NO BRASIL

Repórter Seo Jeong-Hwan

Uma carta que chegou em agosto passado ao Fala (marl). Por pouco, não ficou largada numa das gavetas de um jornalista, assim como várias outras cartas de “súplica” que chegam à redação. O conteúdo da carta, que começava com “À redação do Fala (marl)”, versava sobre Jeon Chong-jin, que há 10 anos teve seu nome citado diversas vezes nos meios de comunicação pelo caso conhecido como “fraude de um coreano-brasileiro”.
Na carta, seus familiares apelavam por sua inocência. Esse tipo de correspondência, muitas vezes, passa ao largo daquilo que a mídia normalmente considera como objeto de retratação de “fatos ou alegações de valor amplamente conhecidos pela sociedade”.
O motivo pelo qual o Fala passou a dar atenção ao caso foram os fatos de a Arbitragem Coreana Comercial ter decidido atender à petição de Lee In-ae, proprietária da empresa Jeong-Sin Indústrias, que viu sua empresa falir e todos os bens evaporarem depois de assinar um contrato de fornecimento com a Hyundai; e de o julgamento sobre a verba não declarada para campanha presidencial de Jeong Mong-gu, presidente da Hyundai Motors e da Kia Motors, quando este era candidato, estar chegando ao seu auge.
Ao final, a carta acabou por mostrar como a Hyundai, uma empresa, que busca uma administração global de todo o seu grupo, está desempenhando um papel paupérrimo no mercado sul-americano, e que há 10 anos, poderia, ao contrário, ter se tornado o personagem principal nesse palco de proporções gigantescas. No Brasil, enquanto as indústrias e as cidades crescem sem parar e vivem, atualmente tempos gloriosos no mercado automobilístico, a ponto de se dizer que “não se vende mais porque não se tem”, o transporte coletivo não é ainda tão bem servido.

A isso, soma-se também a estabilidade econômica tem se mantido, após o governo Lula, e isso ajudou a consolidar o mercado de venda a longo prazo. A venda de automóveis no Brasil em 2006 chegou a mais de dois milhões de unidades (2.069.500 exatamente), mas, mesmo agora, as vendas mensais seguem batendo recordes históricos, e estima-se que atinja na casa dos 2 milhões e 100 mil unidades até o fim do ano (dados fornecidos pelo Relatório Analítico do Mercado Automobilístico Brasileiro da Kotra de maio de 2007). Entretanto, pelo que se pode confirmar junto ao Departamento de Imprensa da Hyundai, a fatia de mercado que a empresa ocupa não chega a 3% no mercado brasileiro.

Uma empresa globalizada que não atinge 3% de um mercado de ouro?

O motivo pelo qual a Hyundai patinha no mais novo mercado consumidor automobilístico reside na taxação astronômica de 35% sobre os automóveis. O modelo da Hyundai que goza de maior prestígio no Brasil é a Tucson, que é vendido por nada menos que 40 mil dólares em função dos impostos altos. Isso é quase duas vezes o preço pelo qual é vendido na Coréia.
No entanto, outras montadoras estrangeiras driblaram esse empecilho e dominaram o mercado brasileiro graças à instalação de fábricas locais. Somente no ano passado foram produzidos 2.606.300 carros no Brasil, dos quais 1.927.700 unidades foram consumidas no mercado interno. Todas as montadoras instaladas no Brasil são estrangeiras, uma vez que não há nenhuma montadora nacional brasileira instalada. Mesmo no caso de carros importados, o governo brasileiro isenta o importador do imposto assustador, se este for fabricante, de modo que o mercado de carros importados no Brasil, que é de 141.800 unidades, é palco exclusivo de montadoras estrangeiras com fábricas locais. A posição do governo brasileiro quanto ao automóvel é, resumidamente, “se quiser vender no Brasil, fabrique no Brasil”.



Concessionária da Hyundai em São Paulo

Hyundai também possui uma fábrica local numa cidade chamada Anápolis, no estado de Goiás, para produção de Libero (com nome local de HR), um caminhão de pequeno porte com a própria marca. A fábrica, inaugurada em abril passado, tem a capacidade de produzir 50 mil unidades do Libero ao ano, e planos de iniciar a produção dos modelos Tucson, Santa Fé e Elantra até o início do próximo ano. A fábrica da Hyundai em Goiás é uma montadora de semimanufaturados, e o gestor do empreendimento é uma distribuidora local de automóveis chamada Caoa. Em outras palavras, a Caoa-Hyundai, na verdade, é uma fábrica de investimento 100% local, no caso da Caoa, em que a Hyundai fornece a marca e as peças, e os lucros provindos das vendas ficam com a Caoa. A Hyundai assiste de camarote esse mercado de ouro, em que tudo que se fabrica se vende, contentando-se apenas em fornecer peças.
Lamentavelmente, a Hyundai teve a chance de se lançar nesse mercado de ouro há 10 anos. Na época em que a Hyundai comprou a Kia Motors, a Kia estava cadastrada no chamado “regime automotivo” de acordo com as leis brasileiras. A Medida Provisória para Investimentos no Nordeste do estado da Bahia permitia que a Kia Motors construísse uma montadora naquele estado com privilégios tributários, financiamentos, subsídios federais etc., sendo praticamente uma lei especial criada para atender a Kia.
Na época em que Hyundai comprou a Kia Motors, essa havia já se comprometido em construir uma fábrica local por meio de sua subsidiária, a AMB, da qual possuía 51% das cotas. Foi realizada até a cerimônia de lançamento da pedra fundamental com a presença do então presidente Fernando Henrique Cardoso, e o trabalho de terraplenagem já estava concluído. Para a Hyundai, como nova proprietária da AMB, bastaria dar seguimento às obrigações e aos direitos da AMB, e ter construído a fábrica. O governo do estado da Bahia havia oferecido à Kia Motors privilégios que nenhuma outra empresa, mesmo credenciada no regime automotivo, havia recebido em outros estados brasileiros, tais como subsídios para os trabalhos de terraplenagem, construção de um porto, além de financiamento de longo prazo a juros baixos para o custeio da construção, tudo em nome da geração de empregos e desenvolvimento regional do estado.

Fábrica entregue de bandeja à Ford


Logo após a compra da Kia pela Hyundai, em 11 de novembro de 98, o governador da Bahia, Sérgio Borges chegou a enviar uma carta a Washington Lopez, CEO da AMB, dizendo que: “Embora o proprietário da Kia Motors houvesse mudado, o estado da Bahia continuaria com a sua intenção de oferecer todo o apoio necessário para a construção da fábrica”. Mas Hyundai não foi ágil na tomada de decisões. Para a Hyundai, cujos interesses sempre giraram em manter a liderança nos mercados dos EUA, China e Leste Asiático, além do mercado europeu, ao que parece, as perspectivas do mercado brasileiro não lhes pareceram tão certas.



Cerimônia de lançamento da pedra fundamental em Agosto de 2007 com a presença do então presidente Fernando Henrique Cardoso

O Departamento de Planejamento da Hyundai Motors anunciou, somente em 27 de agosto de 1999, que: “Após análise detalhada do projeto de construção no nordeste brasileiro com a capacidade de produção de 100 mil carros, chegamos à conclusão que seria desejável retomar o empreendimento da Kia Motors”. Mas já era tarde. Nessa data, o terreno de 2 milhões e meio de metros quadrados, bem como o direito de uso exclusivo do porto de escoamento da produção, os quais deveriam ser da AMB foram oferecidos à Ford.
À AMB sobrou, como penalidade, a apreensão dos privilégios fiscais sobre carros importados aos quais fazia jus em função da promessa de que construiria a fábrica local. O problema é que essa penalidade, que era de 200 milhões de dólares, impediu que a Kia e a Hyundai, por 10 anos (hoje o montante cresceu para 500 milhões de dólares), avançasse em seus projetos para o Brasil.
O presidente da Caoa, Sr. Carlos Alberto, que construiu a fábrica de Goiás, declarou, por ocasião da inauguração da fábrica em 22 de abril último, que “obtivemos a decisão, pela justiça federal, de que a multa de 500 milhões de dólares da Kia Motors não tem relação com esta fábrica da Caoa-Hyundai”. Isso significa que já foi feita uma análise jurídica sobre uma possível fábrica com a marca Hyundai, proprietária da Kia Motors.

No entanto, além da fábrica da Caoa-Hyundai de Goiás, é necessário garantir uma segurança mais sólida em relação a um possível empreendimento de investimento direto da Hyundai Motors no Brasil. Até hoje, no Brasil, a empresa AMB ainda existe, pelo menos nos papéis, somente para efeito de cobrança da multa. E, entre a Kia Motors e os sócios brasileiros da AMB incluindo Washington Lopez está em andamento uma querela judicial em torno da multa.

De qualquer modo, o governo federal brasileiro e a justiça brasileira estão decididos a executar a todo custo essa multa. Quando Han Deok-su, Secretário de Negociação Comercial, encontrou-se com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio brasileiro em dezembro de 1998, e quando o ex-presidente Kim Dae-jung encontrou-se com o então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 18 de janeiro de 2001, em Seul, em ambas as ocasiões foi solicitado o perdão da multa sobre AMB. Mas em ambas as ocasiões, o pedido foi prontamente negado. Para o governo brasileiro, não teria havido problema algum se a Kia ou a Hyundai tivesse construído a fábrica em seu devido tempo ou, ao menos, dado garantias de que construiria a fábrica (pagamento do montante necessário para início das obras junto ao Banco Central ou aumento de capital social da AMB, etc.). Imediatamente após ao encontro de cúpula Brasil-Coréia, os meios de comunicação locais criticaram a postura coreana de “querer resolver de forma difícil um problema simples, que é dívida fiscal”. Por isso, a única coisa que resta é dividir o passivo entre a Kia Motors e os sócios brasileiros na execução de tal débito.

Em agosto de 2004, a ICC (Câmara Internacional de Comércio) apresentou a decisão de que os sócios brasileiros da AMB incorreram em estelionato, apropriação indevida de lucros e manipulação administrativa abusiva em relação à Kia Motors (o projeto da Hyundai de construir uma montadora por meio da Caoa é posterior a esse fato). No entanto, a justiça federal brasileira ainda está deliberando se aceita ou não essa decisão do ICC.Caso a justiça brasileira ratifique a decisão da ICC, a multa devida pela AMB terá de ser paga pelos sócios brasileiros da AMB, Washington Lopez, Jeon Chong-jin e outros. Caso contrário, a Kia Motors e os sócios brasileiros deverão arcar com a penalidade de acordo com suas cotas sociais (Kia: Sócios brasileiros = 51 : 49). Dos cinco juízes que estão analisando o caso na justiça federal brasileira, dois estão a favor e dois, contra a decisão da ICC.

Vitória no ICC, mas a justiça brasileira permanece “em cima do muro”


No entanto, o caso voltou à estaca zero quando o quinto juiz desistiu de proferir a sua posição sobre o caso. O Departamento de Imprensa da Hyundai Motors diz que “A justiça brasileira jamais deixou de ratificar uma decisão do ICC. Nós encaramos a questão não como um procedimento de julgamento, mas de ratificação”, mas parece que a realidade é um pouco diferente disso.Enquanto essa questão não é resolvida, a Hyundai, proprietária da Kia Motors, não tem segurança nenhuma em ampliar seus negócios no Brasil com seu próprio capital, pois dependendo da decisão da justiça brasileira, a empresa pode ser executada em uma multa que chega a 200 milhões de dólares. Esse é o motivo pelo qual a Hyundai não pode se lançar precipitadamente em construir uma montadora local.



Atual fábrica da Ford em Camaçari, Bahia

Por outro lado, a Ford, que recebeu o terreno na Bahia que era para ser da Kia Motors, produziu, somente no ano passado 250 mil carros, e está ampliando as instalações fabris no momento. Já gerou 8.500 empregos e agregou diversas fábricas de peças, elevando a sua imagem não somente na região da Bahia, mas em todo o Brasil. Vende carros não somente dentro do Brasil, mas também exporta para os países do Mercosul com incentivos fiscais.
A fábrica da Ford na Bahia tem projeções de lograr o maior lucro comparada a qualquer outra fábrica da marca instalada em todo o mundo.
Ao discutir o futuro da indústria automobilística, há uma projeção sobre a qual nenhuma empresa e nenhum especialista discorda: “Somente as montadoras que se solidificarem entre as quatro maiores nos próximos 10 anos vão sobreviver”.Analisando o mercado automobilístico em âmbito mundial, a produção adequada seria de 4 milhões de unidades anuais, mas são produzidos atualmente cerca de 20 milhões de unidades em todo o mundo. Diante desse quadro de hiperprodução, os lucros das montadoras correrão em curva descendente, sobrando, ao final, apenas as quatro maiores montadoras mundiais. Este é o resumo das projeções, não tão recente, mas que já vem sendo discutida há mais de 10 anos.


A GM comprou a montadora sueca Saab, a alemã Opel, a italiana Fiat e a coreana Daewoo. A Ford comprou a Volvo, Land Rover e a Mazda; a Daimler Benz comprou a Chrysler. Assim, toda a indústria automobilística mundial está em processo acelerado de fusões e aquisições. Diante da opção da Hyundai-Kia, a montadora representativa da Coréia, de se tornar uma empresa global com administração globalizada, aumentar a rede de vendas internacionais e o número de fábricas no mundo é mais um lance imprescindível para sua própria sobrevivência. Em maio de 2007, quando foram vendidos em todo o Brasil cerca de 200 mil unidades, a Hyundai teve de se contentar com a venda de 500 unidades, esperando apenas a decisão judicial brasileira, situação que causa aflição.

Publicado em: 26/11/2007 - 15:25:54
Fonte: Fala (marl)
Repórter Seo Jeong-Hwan



JEON CHONG-JIN FOI “A FIGURA-FORTE NOS TEMPOS DE FMI”
Os precedentes do caso de “estelionato de um coreano-brasileiro”

Repórter Seo Jeong-Hwan

Há quase 10 anos, em 1999, um empresário coreano-brasileiro passou a freqüentar ruidosamente os cadernos de economia dos principais jornais diários desde o início do ano. Ele teria dado um calote de 180 milhões de dólares na Asia Motors Corporation (Coréia; AMC), de quem importou automóveis, e teria se apropriado de 200 milhões de dólares que serviriam para aumentar o capital social da AMB (Asia Motors do Brasil), empresa brasileira estabelecida com investimento conjunto da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) e sócios no Brasil, o que seria o maior golpe de estelionato de todos os tempos. Assim ficou famoso Jeon Chong-jin. Até se tornar conhecido no mundo pela “fraude do coreano-brasileiro”, ele era chamado, no Brasil, apenas com 34 anos idade, de “figura eminente”. Após imigrar aos 15 anos para o Brasil, trabalhou como biscate e operário, adquirindo experiência no comércio. Mais tarde, acumulou amplo espectro de relações pessoais com brasileiros de altos postos e políticos e conquistou uma sólida reputação e status na sociedade brasileira.

Em 7 de dezembro daquele ano (1999), a Corte coreana julgou-o inocente, em relação ao pagamento dos valores da importação de automóveis, e culpado, na parte tocante à fraude sobre aumento de capital da empresa. Sentenciou-o a sete anos de prisão. Mas em julho de 2000, enquanto corria na justiça a sua apelação contra a sentença, Jeon, que estava em liberdade condicional desapareceu da Coréia em direção ao Brasil, sacudindo novamente os meios de comunicação.
Seu nome reapareceu na mídia a partir de julho do ano passado. Com a entrada em vigor do Tratado de Extradição firmado entre a Coréia e o Brasil, a Polícia Federal brasileira prendeu-o, e, passado um longo período de julgamento, a justiça federal brasileira finalmente decidiu, no dia 23 de outubro último (2007), pela extradição de Jeon à Coréia.
Parece que sua extradição não acontecerá de imediato, uma vez que seu julgamento no Brasil ainda está em curso, porém, isso deverá acontecer até o primeiro semestre do próximo ano, a partir do qual deverá iniciar uma vida de presidiário por 10 anos. A Justiça Superior de Seul sentenciou-o a 10 anos de prisão, tendo reconhecido a sua culpa também no caso dos débitos da exportação dos automóveis da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC), ao executar um julgamento, em segunda instância, numa audiência ocorrida em 28 de maio de 2002, à sua revelia.



Chong Jin, Jeon

Na Coréia, não há mais ninguém que se lembre desse caso. Mas nomes como Jeon, AMB, Hyundai-Kia ainda estão bem vivos e ainda inconclusos na justiça brasileira.
A partir de agora, tentaremos encontrar as origens desse julgamento relacionado à Kia Motors, que está em andamento na justiça brasileira, e reconstituir os bastidores capciosos que fizeram nascer “o caso do estelionato do coreano-brasileiro”.
O enredo dessa história tem o seguinte conteúdo:A relação entre a Asia Motors Corporation (AMC) e Jeon começa em 1992. Em outubro daquele ano, a Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) exportou 824 unidades dos modelos Towner e Topic ao Brasil, através da AMB, uma importadora estabelecida por Jeon e outros.

A Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) e Jeon, para driblar a dificuldade, decidem por se credenciarem no Regime Automotivo criado pelo governo brasileiro. Esse Regime considerava abater até 50% dos impostos de importação de carros acabados, desde que a empresa efetuasse investimentos produtivos no país. Além dos benefícios fiscais, eram oferecidos financiamento para a construção da fábrica, subsídios, empréstimos a juros baixos na utilização de determinados portos, ou seja, os privilégios do Regime Automotivo eram extremamente atraentes. Por isso, a Asia Motors Corporation (Coréia;AMC), juntamente com sócios no Brasil – Jeon, Washington Lopez e um outro sócio chamado Roberto –, resolve alterar o contrato social da AMB mediante novos investimentos conjuntos em capital social, transformando a AMB, então importadora de automóveis, em uma empresa com características bem diferentes. O objetivo social da nova AMB não era mais simplesmente importar e comercializar carros da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC). A empresa passou a ser sujeito do projeto de construção de uma fábrica no Brasil e, após a sua construção, gestora do empreendimento. O capital social total, cerca de 40 milhões de dólares, ficou dividido entre os sócios da seguinte maneira: a Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) com 51%, os sócios no Brasil, incluindo Jeon com 49%. Assim, na prática, a nova AMB tornou-se propriedade da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC). Em 24 de junho de 1997, foi assinado um Acordo de joint venture contendo justamente esses detalhes. Do lado da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC), assinou o então CEO Kim Young-seok.


Joint Venture realizada em Junho de 1997 com a presença de 4 executivos coreanos mais os sócios do Brasil

É preciso ter em mente que, a partir desse momento, Jeon era simplesmente um quotista da nova AMB, ficando à parte das responsabilidades administrativas da empresa. Nas palavras de Washington Lopez, que foi nomeado CEO da nova AMB, “Jeon tinha apenas o cargo de conselheiro, mas não assinava por nenhuma das decisões da empresa. Todas as decisões da empresa foram tomadas por mim e outros enviados pela Asia Motors, incluindo o vice-CEO Seo Sang-tae, Choi Bong-ho, Na Kwang-nam e Cho Wang-jae, que compunham o Conselho Administrativo” Todos que foram mandados da Coréia pela própria Asia Motors Corporation (Coréia;AMC).

O sonho da Asia Motors arruinado

Porém, ocorre um problema decisivo. Passados apenas 20 dias da assinatura do joint venture, em 15 de julho de 1997, a Kia Motors, empresa-mãe da Asia Motors, ficou inadimplente e entrou em concordata. Em 8 de agosto de 1997, aconteceu, como previsto, uma pomposa cerimônia de lançamento da pedra fundamental da fábrica da Asia Motors no Brasil em Camaçari, Bahia, com a participação do então presidente Fernando Henrique Cardoso. E, ainda que tenha sido promulgada uma Medida Provisória de Investimento em Nordeste, um instrumento criado para favorecer a Asia Motors, esta não estava em condições de fazer qualquer investimento. O governo brasileiro então passa a desconfiar da capacidade e das intenções da AMB de construir a fábrica. Se a AMB desistisse dessa fábrica, teria de devolver todos os benefícios fiscais recebidos até então, além da multa. Este é, em verdade, os 200 milhões de dólares correspondentes à multa que ainda é um problema no Brasil até hoje para os novos donos da Asia Motors (considerando os juros e as multas, este valor está em 500 milhões de dólares hoje).
Com um acontecimento de tamanha gravidade, ficam patentes os problemas para o aumento de capital da nova AMB. Em fins de 97, o governo brasileiro pressionou a AMB dizendo que iria multar a empresa a partir de março do ano seguinte. Jorge Khoury (atualmente deputado estadual pela Bahia), chefe de gabinete de Paulo Souto, o então governador da Bahia, disse que: “Considerando o porte do empreendimento da construção da fábrica de Camaçari, a postura da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) era muito tímida. O governo do estado, que havia se empenhado para viabilizar o projeto, estava enfrentando críticas fortes da opinião pública e da oposição, e por isso exigiu que a empresa aumentasse o capital para os 400 milhões de dólares correspondentes ao montante necessário à construção da fábrica”.
Para a AMB, não havia outra escolha senão fazer o aumento de capital, para fugir da multa astronômica e também para postergar a construção da fábrica. Porém, tanto a Asia Motors Corporation (Coréia;AMC), quanto os sócios no Brasil não tinham tamanha soma naquele momento.

No caso da concordatária Asia Motors Corporation (Coréia;AMC), estava sob administração judicial, e não poderia fazer qualquer investimento mesmo que tivesse, por acaso, tal soma. Mas a legislação brasileira deixava uma brecha, que permitia um aumento de capital social no seu Contrato Social somente com a promessa de que integralizaria o capital em 24 anos, sem investimento imediato em dinheiro. Sobre a decisão pelo aumento de capital, até a justiça coreana havia dado a autorização. “Os sócios brasileiros devem integralizar suas quotas no primeiro semestre de 98 com seu próprio patrimônio, sendo que o capital a ser integralizado seria em títulos ou créditos. Os sócios brasileiros incluem, como suas quotas, os títulos de venda a prazo da Asia Motors para a AMB, porém, pagarão este valor à medida que a fábrica girasse, com carência de dois anos e pagamento em oito anos.

A Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) faria vista grossa a esse artifício [essa parte é uma parte essencial no julgamento de Jeon, mas a corte não reconheceu essa alegação de Jeon de que a Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) sabia e era conivente com isso] e, em troca, comprometeu-se a integralizar o capital dentro de dois anos, com a ressalva de que poderia desistir da participação no aumento de capital.” Esse conteúdo foi acordado entre as partes em 6 de março daquele ano. Nessa época, o responsável pelos contatos entre os diretores da Asia Motors e os sócios brasileiros incluindo Lopez, é o diretor Yu, como aparece nos fac-símiles da época.

Apesar desses esforços, a Kia Motors, que estava sob administração judicial, foi ao final vendida para a Hyundai e, naquele momento confuso, o projeto da fábrica brasileira foi atirada para o alto. O governo brasileiro então multa a Kia Motors em 200 milhões de dólares.
O terreno em Camaçari, que havia sido preparado para abrigar a fábrica da Kia Motors, as instalações portuárias de uso exclusivo, além de todos os benefícios fiscais foram arrematados pela Ford de atacado, logo após ela ter fracassado no projeto de construção de uma fábrica em outro estado brasileiro. O caso do “estelionato do coreano-brasileiro” então eclodiu no pior cenário possível, no momento da pior crise do processo de desenrolar do projeto brasileiro, que já estava afundando aos poucos.
Nos julgamentos sobre crimes econômicos na Coréia, é publicamente reconhecido um princípio oriundo de uma piada que diz que “o crime de estelionato é crime de resultado”. O resultado era que, em meio à crise cambial com intervenção do FMI, a Coréia teria de pagar 200 milhões de dólares de aumento de capital, além de levar calote de 180 milhões de dólares da exportação de automóveis. Assim, a justiça coreana reconheceu o crime de estelionato de Jeon. Mas a questão é que ela não prestara atenção no processo capciosa e complexo pelo qual vinha o Projeto-B (como foi chamado o projeto da construção da fábrica no Brasil). Além disso, a Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) e a Hyundai Motors, e também a sociedade coreana em geral, necessitava que Jeon fizesse o papel de estelionatário.


Asia Motors Corporation (Coréia;AMC): a responsabilidade tem de ser de fora

“A possibilidade de receber os valores da exportação de automóveis vendidos por D/A, isto é, à prazo, que em transações internacionais, significa vender fiado, é incerta”, “a empresa até foi multada pelo governo brasileiro”, “em meio a isso, a empresa ficou inadimplente”…. Numa empresa normal, o passo seguinte natural é discutir quem são os responsáveis. Porém, numa situação em que a Kia Motors/ Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) não se encontrava numa situação normal, isto é, após a concordata da empresa, os CEOs Park Jae-hyuk e Kim Kwang-sun enviaram diversos fac-símiles ao CEO da AMB Washington, tranqüilizando-o de que “a Kia Motors levará adiante, a todo custo, o projeto de construção da fábrica no Brasil em conjunto com a AMB, apesar da crise momentânea”.

Logo após a determinação da administração judicial da Kia Motors/ Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) em abril de 1998, o administrador nomeado Nyeom Jin, que mais tarde seria nomeado Ministro da Economia e Finanças, também enviou ofícios ao Ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio brasileiro e ao governador da Bahia, dizendo que “pedimos desculpas pelo atraso da construção da fábrica, que se deveu às dificuldades que a Kia Motors está passando. Mas o Projeto-B será levado adiante a todo custo”.


Washington Lopez


No entanto, em 19 de outubro de 1998, a Hyundai Motors foi vencedora do leilão e tornou-se a nova proprietária da Kia Motors/ Asia Motors Corporation (Coréia;AMC). Assim que iniciaram as atividades de normalização da empresa, a Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) decide por processar o ex-dirigente.

Em 1o de dezembro do mesmo ano, o vice-CEO da AMB, o qual havia sido enviado pela Asia Motors Corporation (Coréia;AMC), enviou um fac-símile ao CEO da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC), Kim Kwang-sun. Nele relatava que o diretor sênior Choi Bong-ho, responsável por toda a operação do Projeto-B da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC), havia falado ao telefone com o vice-CEO Suh Sang-tae, em 24 de novembro de 1998, dia em que Jeon foi preso pela polícia “[processar Jeon] foi uma decisão que a diretoria da Asia Motors tomou na atual situação, por não ter outra alternativa”.


A situação a que ele se refere como inevitável aparece num diálogo que o vice-CEO Suh Sang-tae teve com o diretor sênior Jung Kwang-mo da época: “Jeon é estelionatário. Esta é a oportunidade de sepultá-lo na sociedade como autor de uma fraude internacional, e mantê-lo preso e inativo. Quanto ao empreendimento, este pode ser levado adiante em nível governamental sem grandes problemas. Pretendemos dar prosseguimento ao projeto depois que o Secretário de Negociações Internacionais Han Deok-su visitar o Brasil no início de dezembro e expor o caso em detalhes ao governo brasileiro”. Ou seja, a Asia Motors julgou que, ao rotular Jeon como estelionatário, poderia se esquivar das responsabilidades pelo atraso da construção da fábrica aos olhos do governo brasileiro e que também poderia esperar uma certa condescendência na questão da multa.

Dias antes da prisão de Jeon, vários fac-símiles são trocados entre os diretores da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) e Washington, CEO da AMB, discutindo sobre o local de realização da Assembléia Geral de Acionistas. Washington alega que “de acordo com o estatuto da AMB, a Assembléia Geral de Acionistas e a Reunião do Conselho Administrativo devem ser realizadas na matriz, no Brasil. No entanto, o CEO Kim Kwang-sun e outros diretores da Asia Motors – An Kwang-nam, Choi Bong-ho e Jeong Mun-chang – insistem, dizendo que”é impossível a diretoria toda deixar a Coréia neste momento, em função da questão da venda da Kia Motors” e que querem realizar a Assembléia em Seul, no dia 24 de novembro. Ao final, Lopez não participou da Reunião do Conselho Administrativo ocorrido na sede da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) no bairro de Yeoui-do, em Seul, naquela data às 10 horas, e somente Jeon participou dentre os sócios brasileiros. E foi preso pela polícia logo após a reunião em frente ao elevador do prédio.
O CEO da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) Kim Kwang-sun envia uma carta a Lopez logo após a prisão de Jeon, em que diz: “Jeon está sendo investigado por crimes cometidos em nível pessoal. Peço a você que continue gerindo bem a AMB e encoraje o pessoal da empresa para que superem esta situação imprevisível”. Kim Kwang-sun ainda enfatiza o lado pessoal do incidente, grifando a expressão “personal misdeeds” como a causa de sua prisão na carta escrita em inglês.

Depois que iniciou os trabalhos de fusão das duas empresas em junho de 1997, os diretores da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) trocam correspondências com a AMB somente através de Lopez e de Suh Sang-tae. Para Kim Kwang-sun, teria sido difícil explicar para Lopez que Jeon havia sido preso pela questão do aumento de capital da empresa ou pelos débitos referentes à importação dos veículos, sem que houvesse um único documento ou carta assinada por Jeon sobre procedimentos administrativos que não eram de sua alçada.

Brinde ao infortúnio de Jeon?

Por outro lado, a equipe que esteve envolvida no Projeto-B também se tornou objeto da promotoria para comprovar a suspeita de fraude de Jeon, por decisão da diretoria da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC).Na noite em que Jeon foi preso pela primeira vez na Coréia, ou seja, na manhã do mesmo dia pelo horário brasileiro, Vaulcy, funcionária da AMB que chegou ao escritório para trabalhar, recebeu um telefonema da Coréia. Era o diretor Yu, que por um tempo esteve à frente do empreendimento da AMB tendo sido enviado pela Asia Motors Corporation (Coréia;AMC), juntamente com o vice-CEO Suh Sang-tae. Ele disse a Vaulcy: “Estou lhe comunicando a prisão de Jeon. No momento, estamos brindando com vinho sua prisão.
Jung, Jung’ e Kim também estão aqui. Queríamos saber para quem você trabalharia quando nós voltarmos ao Brasil”. Tal fato não foi revelado durante o julgamento de Jeon na Coréia, mas consta no depoimento de Vaulcy durante o julgamento no Brasil. As pessoas citadas por Vaulcy em seu depoimento, o diretor Yu, Jung, Jung’ e Kim são pessoas que estiveram sob interrogatório minucioso por parte da promotoria coreana para investigar as acusações contra Jeon.
No depoimento deles, havia muitos pontos discordantes em relação às provas documentais colhidas à época. Por exemplo, Jeon estava sendo acusado de fraude, no que toca ao ponto em que teria incluído o débito que a AMB tinha para com a Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) de compras à prazo como aumento de capital da nova AMB, mas no depoimento do diretor Yu, ele diz que “eu fui contra, até o fim, usar os débitos à prazo como aumento de capital”. Após a Assembléia Geral dos acionistas realizado no Brasil em 2 de março de 1998, em que foi deliberado o aumento de capital em 400 milhões de dólares, entre os dias 3 e 5, o diretor Yu, solicitou ao vice-CEO Suh Sang-tae, em Seul, e ao Chefe da Equipe do Projeto-B, Cho Wang-jae, que assinassem rapidamente nos pontos deliberados na Assembléia. Pelo que foi deliberado na Assembléia, há uma parte que diz que o aumento do capital social seria feito por meio do “dinheiro em espécie ou por títulos emitidos pela AMB”. Mas essa parte esclarecia de forma muito clara o uso dos títulos de compra a prazo, motivo pelo qual foi recusada pela matriz, e então diretor Yu entra num acordo com o Lopez para alterar o texto para “dinheiro em espécie ou por meio de conversão de títulos”. O relatório que o diretor Yu elaborou não foi apresentado à corte pelo próprio, mas sim pelo vice-CEO Suh Sang-tae.

No mundo dos negócios, uma empresa como a Hyundai, que compra uma outra empresa, é chamado de “invasor” ou “facão”. Isso porque, após uma aquisição, a empresa que foi adquirida sofre um corte brutal de recursos humanos. No entanto, os dois Jung, que participaram do processo pelo qual foram criados títulos podres, que acabaram por custar uma soma astronômica de aumento de capital, ainda permaneceram na Hyundai-Kia, um como responsável pela Divisão de Projetos no Exterior, e o outro como membro da equipe jurídica da empresa, cuidando inclusive do processo judicial em curso na corte brasileira. Há notícias de que o ex-diretor Yu vive hoje nos EUA, administrando uma agência de correios privada no subúrbio de Los Angeles. Por outro lado, todos os funcionários, que haviam sido enviados à AMB e que acreditavam na honestidade de Jeon para com o Projeto-B, foram demitidos da empresa. Se Choi Il, que foi demitido juntamente com Suh Sang-tae, Soh Kwang-young, Shin Kyu-beom por terem defendido a posição de Jeon, disse: “Em janeiro de 99, quando Jeon foi indiciado, encontrei-me com o então CEO da Hyundai Lee Kye-an (hoje deputado) e o diretor sênior Jung Kwang-mo, da Equipe ao Projeto-B, na sede da Hyundai em Kye-dong em Seul, e ouvi dos dois o pedido de que ‘ajudasse para que a Hyundai se saísse numa posição vantajosa no julgamento’, mas me neguei, pois não poderia atender a um pedido desse sendo um cristão”. Isso significa que uma condenação judicial de Jeon era também um resultado desejável para a Hyundai. Por que será?

Hyundai Motors: vítima sem ter sido prejudicada?


Se era impossível receber os títulos a prazo que somava 180 milhões de dólares à época da prisão de Jeon, o prejudicado deveria ter sido, naturalmente, a Kia Motors Asia Motors Corporation (Coréia;AMC). Mas o fato é que o verdadeiro prejudicado desses títulos podres acabou sendo a KDB (Korean Development Bank), representante dos credores da Kia Motors/ Asia Motors Corporation (Coréia;AMC), e nesse processo, a prisão de Jeon teve um papel decisivo e imprescindível.

Em 19 de outubro de 1998, a Comissão de Licitação da Kia Motors decidiu que a Hyundai seria a compradora da empresa, deixando de lado outros pretendentes como a Ford, Samsung e Daewoo. Na época, a questão da venda resumia-se a qual empresa requereria o menor valor de abatimento dos 9 trilhões de wons dos passivos da Kia. Dito de outra forma, a Kia Motors tinha uma dívida para com os credores, e a questão era saber qual pretendente pagaria o maior valor desse montante.
Ao final, a Kia decidiu pela Hyundai Motors, que havia requerido um abatimento de 7 trilhões e 300 bilhões de wons da dívida. O Banco KDB, que era representante dos credores, alegou que o valor requerido pela Hyundai era muito alto, mas aceitou a compra da Kia Motors pela Hyundai, com a condição de que haveria uma nova negociação em que aquele valor seria reduzido. As negociações entre a Hyundai Motors e a Kia Motors prosseguiram de forma bem acirradas, a ponto de terem sido chamadas na época pela mídia de “choque frontal”. Mas o resultado é que o abatimento que Hyundai teria não diminuía, mas aumentava. A dívida que a Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) tinha com o Banco KDB de 219 bilhões e 400 milhões de wons foram perdoados. A maior parte dessa dívida era precisamente o valor de exportação a prazo que a AMB deveria pagar à Asia Motors Corporation (Coréia;AMC). E por isso, foram perdoados nessa negociação. Em outras palavras, a Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) após enviar os carros à AMB, não deixou os títulos amarrados como recebíveis, mas usou-os como garantia para fazer empréstimo no banco. A Hyundai alegou que esses títulos eram podres, impossíveis de serem cobrados, requerendo então sua perdão. Park Seong-jin, do Banco KDB, que na época participou ativamente da negociação com a Hyundai Motors, estava sendo alvo de críticas severas, porque o Banco KDB estava “ávido por querer receber os seus haveres, pois a Kia Motors, uma empresa formada por ações de cidadãos coreanos, estava prestes a ser vendida para o capital estrangeiro, aproveitando a crise cambial coreana”. A situação era deveras emergencial, de modo que a perdão da dívida não pode ser analisada de forma minuciosa. Se a Hyundai exigia que tal e tal coisa deveria ser perdoada, era quase totalmente aceita”. Park salientou que “Sobre os recebíveis de exportação da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC), a Hyundai dizia que a AMB não tinha nada, e que o estelionatário coreano-brasileiro havia sido denunciado e que isso havia sido revertido em processo criminal, de modo que o Banco KDB aceitou a alegação da Hyundai”. Jeon foi preso pela primeira vez em 24 de novembro de 1998, e os credores da Asia Motors decidiram por perdoar a dívida dos seus títulos podres foi dois dias depois, no dia 26.





No entanto, quando se vê o relatório contábil da AMB elaborado pelo escritório de contabilidade coreana Anjin e a norte-americana Arthur Andersen por solicitação da Hyundai Motors em setembro de 1999, dá margem a um grande arrependimento sobre a decisão do Banco KBD. De acordo com esse relatório, que o periódico mensal Marl conseguiu, as pesquisas da BDO, um escritório de contabilidade brasileira, o patrimônio total da AMB até o dia 31 de dezembro de 1998 era de cerca de 237 bilhões em moeda coreana won. O patrimônio total da AMB conforme pesquisado diretamente pela Anjin era, até 30 de junho de 1999, 104 bilhões de wons. Essa redução deveu-se fortemente à variação cambial entre o real brasileiro e o won coreano ocorrido entre dezembro de 98 e junho de 99 (1 real = 995,96 wons para 654,16 wons). Em moeda brasileira, o patrimônio foi reduzido de 238 bilhões para 159 bilhões de reais.

Novamente de acordo com o relatório da Anjin, do capital social que de fato entrou para o Banco Central Brasileiro, que foi de 218 milhões de reais, 90% (tenha a Asia Motors feito vista grossa ou não) foi aumento de capital integralizado pelos sócios brasileiros usando os títulos a prazo que a Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) deveria receber da AMB. Por isso, a Hyundai Motors poderia se tornar a acionista majoritária da AMB possuindo 95% das cotas, somando a cota que possuía pela promessa de aumento de capital em 24 meses ao adquirir a Kia Motors, e poderia utilizar vários meios para cobrar os títulos usando esse direito.
Mas o relatório contábil da Anjin não foi apresentado como prova no julgamento de Jeon feito na Coréia. Na época, a defesa de Jeon requereu a apresentação desse material à Hyundai, mas esta não tinha obrigação de fazê-lo, pois era um material que ela havia encomendado a sua própria custa.
Com a prisão de Jeon, a Hyundai pode obter a perdão de mais de 200 bilhões de wons ao adquirir a Kia Motors. Mas nem por isso a Hyundai havia desistido do Projeto-B. O advogado Seo Jeong-woo, que defendeu Jeon e o vice-CEO da Hyundai Lee Kye-an, fizeram um acordo em junho de 2000, em que Jeon pagaria à Hyundai 10 milhões de dólares e a Hyundai concordaria com a sua soltura provisória (esse valor foi depositado numa conta do Banco Jeil do titular Kia Motors). Para prosseguir com o Projeto-B, a preocupação primeira de Hyundai agora era como se desvencilhar da multa dada pelo governo federal e da obrigação de integralizar o aumento de capital da AMB pela Kia Motors (ambos em torno de 200 milhões de dólares cada). Para isso, precisava da ajuda de Jeon, e mais, precisava de uma autorização para que ele deixasse o país, para que pudesse se encontrar com o Lopez no Brasil, bem como com as figuras de alto escalão do governo brasileiro. Mas a Hyundai, até o fim, não confiou em Jeon. Assim, Jeon resolveu fugir escondido num navio.


Da necessidade de demonizar Jeon


Jeon, logo após sua prisão, passa a gozar da fama de “estelionatário que roubou o país” por toda a imprensa coreana. Analisando as matérias publicadas na época, logo se vê “Asia Motors, fraudada em 180 milhões de dólares”, “Jeon Chong-jin, quem é ele”, “Ele quis adquirir até a Asia Motors”, enfim, dos títulos aos conteúdos, é uma enxurrada de matérias similares. O único repórter que levantou uma dúvida sobre a suspeita de Jeon, do Diário Econômico Hankuk, disse: “A promotoria, na época, decretou embargo na prisão de Jeon e divulgou um press release muito mais zeloso e elaborado do que em qualquer outro caso, e a mídia limitou-se em copiar o release”. Por que será que ninguém suspeitou desse gigantesco teatro de mentiras?



Chong Jin, Jeon


A época em que Jeon foi preso, fazia um ano que a Coréia recorrera ao FMI.O crescimento econômico registrava índices negativos, e um dos índices mais importantes para a vida do cidadão coreano, o custo com a educação privada, o qual o povo todo garantia que jamais iria diminuir, foi reduzido em nada menos de 24%. Sejam assalariados ou empresários autônomos, a renda de todos os cidadãos coreanos foi reduzida em média 20% ou mais, e o índice de crimes hediondos aumentou em 12%. Suicidavam-se, em média, 30 pessoas por dia, até ser cunhada a expressão “suicídio do FMI”. Em meio a isso, ocorreu uma campanha nacional de recolha de ouro com o slogan: “Vamos salvar o país da crise cambial”. Senhoras com mais de 70, 80 anos, que jamais haviam tirado a aliança do dedo, por décadas, doaram os anéis sem qualquer remorso. Passados 10 anos, até hoje a sociedade coreana inteira tem tremedeiras quando se ouve falar na palavra FMI.

Naquela situação, alguém deveria ser responsabilizado por fatos como “Não se conseguiu receber 180 milhões de dólares da exportação de carros coreanos”, “A empresa será obrigada a integralizar 200 milhões de dólares numa empresa no exterior chamada AMB, e foi até multada pelo governo brasileiro”, “É esse o caso que está relacionada à falência da Kia Motors, um dos casos que levou a economia coreana a recorrer ao FMI”, e Jeon foi muito facilmente demonizado. Caso não se acreditasse no seu estelionato, o país deveria arcar com 200 milhões de dólares numa época em que cada dólar era precioso.

Quando a diretoria da Asia Motors Corporation (Coréia;AMC) insistiu em realizar a Assembléia Geral de Acionistas em Seul, Lopez, o CEO da empresa, que era o responsável de fato e de direito pela administração, pela decisão de aumento de capital e a integralização da AMB, encontrava-se do outro lado do planeta. Somente Jeon, que foi a Seul por estar certo de sua própria inocência, foi preso ao sair da reunião. Ele poderia ter conexões pessoais muito sólidas e bases sociais consolidadas no Brasil, mas aos olhos coreanos, era um subinstruído, com primeiro grau incompleto, radicado num país subdesenvolvido. Com mais de 20 anos de Brasil, ainda permanecia estrangeiro, com nacionalidade coreana. Era presa fácil.

Passaram-se dez anos. A Hyundai, que alega ser vítima daquele episódio, e os envolvidos antigos e atuais da Hyundai no caso, mantêm o silêncio sob o pretexto de “não me lembro”, quando o assunto é este episódio e o julgamento em curso no Brasil. Por outro lado, Jeon, o assim chamado malfeitor, continua fazendo desabafos e apelos de injustiçado. Por que a história do filme Chuva de Sangue, em que o protagonista principal é denunciado por seus devedores e é condenado à morte em meio ao silêncio de todos os moradores de sua vila da ilha, se sobrepõe tão bem ao “estelionato de um coreano-brasileiro”?
Quando perguntei à Embaixada Coreana no Brasil sobre o andamento dos procedimentos de extradição de Jeon, o Cônsul Geral Kim respondeu: “acredito que jornalistas também são pessoas que trabalham em prol do país. Por favor, entenda que o caso de Jeon é sigiloso”. Será que há a necessidade de Jeon continuar sendo demonizado em prol do país?


Publicado em: 26/11/2007 - 15:25:54
Fonte: Fala (marl)
Repórter Seo Jeong-Hwan